25 de janeiro de 2021

RESENHA: OS DESPOSSUÍDOS

OS DESPOSSUÍDOS

Autor(a): Ursula K. Le Guin
Editora: Aleph

Páginas: 384
Ano de publicação: 2019
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Escrito em 1974 pela brilhante e premiada Ursula K. Le Guin, Os Despossuídos é uma ficção científica incomum, utópica e distópica, sobre dois planetas gêmeos separados por conflitos e desconfianças, e um homem que arriscará tudo para reuni-los. Urras é um mundo de abundantes recursos dividido em vários estados-nação. Em meio a extremos de riqueza e pobreza, dois deles estão em guerra para estender sua influência – e seu sistema político – sobre os demais. Anarres, por sua vez, é o planeta recluso e anarquista gêmeo de Urras, cuja visão utópica de seus colonizadores acabou criando uma ilusão de sociedade perfeita. Essa ilusão só é quebrada quando Shevek, um jovem físico brilhante de Anarres, descobre a Teoria da Simultaneidade, uma ideia que pode acabar com o isolamento de seu planeta e, ao mesmo tempo, avivar as guerras do planeta vizinho. Seguindo o estilo de Le Guin, este livro aborda questões de fundo sociológico, como liberdade, desigualdade, individual versus coletivo, e temas políticos cruciais, como anarquismo e polarizações políticas. Embora seja fruto da influência da Guerra Fria, este livro continua cativante e extremamente atual. Situado no mesmo universo ficcional de A mão esquerda da escuridão, outro clássico da autora, Os Despossuídos recebeu o prêmio Nebula em 1974 e os prêmios Hugo e Locus em 1975. 


Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Os despossuídos, lançado pela editora Aleph. O livro é de autoria de Ursula K. Le Guin e tradução de Susana L. de Alexandria




Shevek é um cientista que nasceu na lua de Anarres. Colonizada há cerca de 200 anos por um grupo revolucionário, Anarres se mantém como uma sociedade alternativa do planeta do qual seus descendentes vieram, intitulado Urras. Urras por si só é um planeta vasto e cheio de nutrientes, no entanto é palco de diversos conflitos entre as duas nações mais poderosas daqueles territórios, A-Io e Thu. Enquanto A-Io mantém-se com uma economia capitalista, Thu adotou o socialismo como ideologia econômica e política, essa divergência entre visões incitam as constantes guerras, que 200 anos atrás, levaram os rebeldes de Thu a se refugiarem na árida e inóspita lua de Anarres.


Desde quando ocorreu essa revolução, o planeta de Urras e a lua de Anarres não se comunicam para nada além do extremo necessário. Shevek então tem a intenção de mudar isso, ele será o primeiro cientista a sair de seu lar e ir até o vasto planeta com uma missão diplomática: estabelecer uma comunicação entre os dois mundos com seu projeto de experimento científico - um mecanismo capaz de criar uma conexão instantânea entre duas pessoas de mundos diferentes.


Ao chegar em Urras, no entanto, o maior problema de Shevek é se adaptar àquele novo mundo, afinal ele é muito diferente do seu. Em Arranes não existe um estado que dita as regras, não existe dinheiro e nenhum traço do que conhecemos em uma economia capitalista. O cientista se assusta ao ver como as pessoas tomam posse de propriedades, objetos e até mesmo de outras pessoas. Enquanto prossegue com seus estudos, Shevek se questiona: como, em um mundo tão avançado e belo, as pessoas deixam ser possuídas pelas coisas que possuem? Minha primeira experiência com um livro da visionária Ursula K. Le Guin não poderia ter sido melhor, a mitologia que a autora utiliza para criar os planetas de Urras e Anarres são espetaculares, mas acredito que aquilo que mais brilha na história são suas referências políticas e filosóficas.

Publicado em 1974, podemos notar que toda essa distopia utópica pode ser encontrada em locais muito mais pertos e reais: a própria guerra fria que marcou a divergência ideológica entre anarquismo e poder de estado, capitalismo e socialismo… Tudo isso reflete nos conflitos entre a população de Urras e Anarres. Ursula se apoia nisso e consegue nos trazer questionamentos extremamente atuais acerca do consumismo excessivo e da nossa noção de organização social, afinal, é um fato que estamos em uma sociedade, mas… temos consciência social? Pensamos no coletivo ou somos guiados por ações individualistas (ou como seria visto na narrativa, ações egoízadas).

Os pontos que esse livro levanta são tantos que eu poderia falar sobre ele por horas, mas espero que esses assuntos que levantei sejam o suficiente para você parar tudo o que está fazendo e ir ler Ursula K. Le Guin. A edição desse livro está fantástica, em capa dura e com uma ótima diagramação, meu sonho é que a editora Aleph publique todos esses livros o mais rápido possível, precisamos ler mais sobre o que essa autora tem a dizer e isso não pode esperar.



Não pude avaliar muito esse livro diante de um prima político pois ele foge bastante da minha área de conhecimento, por isso, deixarei um vídeo da brilhante Sabrina Fernandes onde ela discursa mais a respeito desse viés do em Os despossuídos, aproveitem!





9 comentários:

  1. Essa edição é linda!! A partir do igtv no instagram fiquei com muita vontade de conhecer e com essa resenha quero ainda mais conhecer.. amo as cores na capa, fotos lindas

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  2. Úrsula é simplesmente fantástica!!!!
    Incrível como ela conseguiu criar esse universo tão completo que ao mesmo tempo que é distante da nossa realidade em alguns momentos parece bem real

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  3. Toda sua empolgação e alegria com esse livro só me fez querer de uma vez por todas, me jogar no universo da ficção científica!
    Como eu não leio do gênero ainda(sou muito lesa) ando me sentindo meio incompleta e por tudo que vi, Úrsula é uma linda pedida para um começo com chave de ouro!!!
    Quero muito ler e sentir tudo que você sentiu rs
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  4. Os temas que essa obra trabalha são perfeitos, apesar de ser ficção cientifica e, de 1974 ela mostra um lado ainda bem real da sociedade. Faz pensar.

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  5. Estou doida para conhecer a Úrsula depois de te ver elogiando tanto esse livro no instagram! Amo distopias, então já sei que vou gostar bastante. 😍

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  6. A capa é muito linda 😍 Confesso que não conhecia a história, mas sua resenha me deixou intrigada a querer saber o que vai rolar no livro 🤭 Parece ser um livro e tanto, amei 💟

    Beijos da Steh!

    IG: @PAPEANDOSTEH

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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