Num futuro não muito distante, a humanidade enfrenta uma crise silenciosa: a desconexão emocional. Em um mundo saturado de tecnologia, com dispositivos holográficos e virtuais que prometem progresso, a essência do ser humano está sendo sufocada. É nesse cenário que acompanhamos a história de Leo, um jovem que se muda para a maior cidade tecnológica do planeta, XFTUR.
Logo de cara, Leo percebe que aquele futuro não é exatamente o que vendem nos comerciais brilhantes das corporações. Em XFTUR, os laços afetivos estão sendo substituídos por conexões virtuais e algoritmos de desempenho emocional.
Apesar disso, Leo encontra uma fagulha de conexão real em Gary, uma jovem que parece imune ao fascínio do progresso tecnológico. Mas essa fagulha logo é ameaçada: Gary acaba se envolvendo com um projeto de manipulação de mentes, liderado por uma organização secreta que visa nada menos que o controle absoluto.
É aí que Leo embarca numa jornada pessoal e perigosa para tentar resgatar não só a pessoa que ama, mas também o que resta de humanidade naquele mundo plastificado.
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O que mais me pegou aqui foi a força da crítica que a autora faz sem perder a ternura. Ecos do Amanhã é, sim, uma distopia futurista, mas que acerta justamente por parecer muito próxima da nossa realidade. A substituição do toque por hologramas, da conversa por comandos de voz, do vínculo humano por atualizações de sistema... tudo isso já está mais presente do que a gente gostaria de admitir.
A leitura flui muito bem. Acompanhamos tudo pelo olhar de Leo, que carrega nas costas não só a missão de tentar salvar Gary, mas também o peso de não se tornar ele próprio uma engrenagem nesse futuro sem alma. A escrita de Célia é direta, mas cheia de emoção, e a ambientação da cidade, com seus drones, torres de dados e silêncio emocional, é assustadoramente eficaz e moderna.
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Gostei bastante da forma como a autora conduz as reflexões ao longo da trama, sem cair na tentação de transformar o livro numa tese sobre tecnologia. Tudo é apresentado a partir das experiências dos personagens, o que torna o impacto muito mais pessoal. E quando você se dá conta, já está torcendo desesperadamente por Leo e refletindo se, no nosso mundo, a gente também não anda perdendo algo essencial enquanto “evolui”.
Bom, por fim esse é o livro ideal pra quem curte ficção científica com alma, crítica social com sensibilidade e histórias que nos fazem questionar o que realmente vale a pena preservar.
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