Autor(a): Felipe Tazzo
Editora:
Páginas: 182
Ano de publicação: 2022
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Roberval é um malandro. Vive de trambiques, pequenos golpes, furtos aqui e ali. É tipo de bandido que leva bilhetes carregados de metrô e dízimo da caixinha do altar. É um sobrevivente e nunca vai chamar atenção da polícia. Mas todo trambiqueiro tem lá seus momentos de entressafra. Mesmo os trambiqueiros brasileiros. Nessas horas, ele volta a pensar em arrumar um emprego.E - grande coincidência - bem nas vacas magras surge uma agência de empregos na rua de trás de sua casa. De terno ensebado e currículo nas mãos ele entra naquele insípido e estéril ambiente. As paredes são brancas, a mesa de tampo de vidro branca, a cadeira onde ele se senta, o tapete, o chão e o teto, tudo reluz. E atrás da mesa, um simpático velhinho o recebe, mas sequer olha para seu currículo. Roberval sai de lá com o endereço de seu novo emprego e a impressão de que ele pediu R$ 20 mil de salário, mas não tem certeza se nada daquilo é de verdade.O endereço do emprego o coloca frente a frente com uma casa gigantesca. Ocupa um quarteirão inteiro. A porta, de grandes painéis de vidro se abre revelando um luxuoso interior. Lá dentro está sua tarefa: apertar um único botão vermelho uma única vez ao dia. A casa, apesar de ricamente decorada e mobiliada, não tem vida. Não tem televisão ou rádio, telefone, livros, discos, nada. Uma cozinha enorme, uma despensa com todos os produtos que podia imaginar e uma piscina olímpica são seu único conforto. No mais, ali impera o silêncio.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O botão vermelho lançado de forma independente. O livro é de autoria de Felipe Tazzo e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Roberval é aquele típico malandro que vive tentando lucrar com situações cotidianas, mas acaba sempre se dando muito mal. Detestado pela própria família e devendo uma quantia exorbitante para uma gangue que mora em seu bairro, Roberval volta a procurar um emprego (mais um, visto que não dura em muitos) e acaba participando de uma entrevista de emprego.
Ao ver que nada dá certo na entrevista, Roberval decide brincar dizendo que sua pretensão salarial é de vinte mil reais, o entrevistador não ri, apenas dá um cartão a Roberval dizendo que tem a oportunidade de emprego perfeita para ele. Desconfiado, ele acaba indo para o local, e fica chocado ao ver que o endereço dá em uma mansão extremamente luxuosa.
Lá, passam o seu trabalho: apertar um botão vermelho todos os dias. O que faz o botão? Por que deve apertá-lo? Roberval não sabe, mas o que o choca mais ainda é o seu salário: vinte mil reais. Sem hesitar, ele aceita a função atribuída, e sem um real no bolso, passa a viver naquela mansão como caseiro para cumprir sua função.
Conforme os dias passam, no entanto, Roberval mergulha no Silêncio e na Solidão daquele lugar, até porque lá não tem televisão, não tem internet e o homem não tem sequer um celular pra passar o tempo, então ele acaba indo explorar a mansão e tentar criar uma planta para ela, na tentativa de entender a dimensão do local onde está.
Os momentos de maior alegria para Roberval é quando chega alguém, seja o time de faxineiras (lideradas por uma mulher inflexível chamada Beth), ou o faz-tudo Sérgio. Todos eles, no entanto, vão apenas para cumprir a função e ir embora o mais rápido daquele lugar.
O por quê? Algo nos corredores silenciosos daquele lugar causa o espanto, a agonia... E isso começa a afetar Roberval cada vez mais, atingindo sua psique de uma forma cruel.
Comecei a ler "O botão vermelho" extremamente intrigado por conta dessa história um tanto maluca, fui guiado pela seguinte pergunta: qual a função do botão? E acredito que todos que forem ler esse livro terão isso na cabeça, mas o que eu encontrei na história foi algo muito mais intrigante e até mesmo assustador: Como o isolamento pode afetar um ser humano?
Somos todos sociais, certo? Viver em um lugar como aquela mansão, completamente privado da normalidade dos atos sociais, parece ser bem macabro. Da metade pro final do livro passei a ver tudo como uma analogia, uma metáfora, e a partir daí a história fez um enorme sentido pra mim.
Felipe Tazzo escreve muito bem, primeiramente em criar um protagonista que me causou repulsa, mas aos poucos ir criando uma empatia com ele conforme a trama vai se expandindo. Além disso, faz total sentido esse livro ser publicado após o surto da pandemia, onde tivemos que ficar isolados uns dos outros!
Tazzo coloca em diversas partes do seu texto uma diagramação diferenciada, apertada e sufocante que condiz muito com a história narrada, acredito que esse detalhe deixe o plot ainda mais rico. Já o final... tenso e alarmante, mas que gera muita reflexão!
No geral, gostei muito do livro pela capacidade dele de surpreender e gerar uma série de pensamentos que podemos associar aos nossos últimos anos! Incrível!