Autor(a): Gisele Fortes
Editora: Independente
Páginas: 203
Ano de publicação: 2022
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Aos 17 anos, Maria Júlia não se encaixa em seu próprio tempo: tem uma única amiga, não se interessa amorosamente por rapaz algum e detesta as modernidades que a cercam. Até que, ao folhear um velho álbum da avó Cecília, a garota se apaixona perdidamente pela fotografia de Carlos André. E é essa imagem que muda de vez o seu destino, levando-a para uma viagem inimaginável para o ano de 1959. Perdida em um passado onde sequer sonhava em existir, Maria Júlia viverá uma experiência intensa e inesquecível em seus sonhados Anos Dourados, regada a muita “bossa nova” e “rock and roll”. Mas, em determinado momento, a menina vai ter que escolher entre o verdadeiro amor e a chance de uma vida com propósito. O que vai falar mais alto: a paixão sem medidas ou a oportunidade de ser uma mulher independente, que pode fazer a diferença no mundo?
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Da fossa À bossa: uma viagem aos anos dourados lançado de forma independente. O livro é de autoria de Gisele Fortes e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Maria Júlia é uma estranha no ninho. Aos 17 anos, Júlia parece ter pouco interesse em tentar se encaixar nos grupos sociais da escola e também demonstra pouca curiosidade em se inteirar com as novidade do mundo da música ou da cultura pop (coisa que é fundamental para se ter amigos naquele colégio). Na verdade a garota se interessa apenas com coisas da década de 1950/1960, sendo chamada de "louca da brilhantina" pelos outros alunos quando ela demonstra interesse nas aulas de história.
Considerada uma "alma antiga", Júlia tem um relacionamento incrível com sua avó, Dona Cecília (ao contrário de seus pais, dos quais não a compreende de forma alguma), e passa horas conversando com a avó a respeito da adolescência dela no Rio dos anos 60 e todas suas aventuras.
Em uma noite, enquanto vasculha as coisas da avó, Júlia acha uma foto muito intrigante. Nela, um belo rapaz toma o plano central da foto, mas algo no olhar dele parece passar a fotografia e enxergar a Júlia. Estranho. Tomada por um impulso, a garota pega a foto, leva para a casa e fica a encarando até dormir.
No que Júlia acorda, tudo muda. A garota percebe que não está mais em sua casa, e ao procurar informações ao redor ela descobre que está no dia 24 de janeiro de 1959, viajando 58 anos para o passado! Seu primeiro instinto é procurar o local onde sua avó (uma adolescente) mora.
Nisso, ela acaba encontrar Cecília. Simulando ter "perdido a memória", Júlia é recebida por Cecília e se hospeda na casa de sua futura avó. Essa também seria a oportunidade perfeita para Júlia conhecer o homem da foto! E por um golpe do destino, ela acaba o conhecendo na praia logo nos primeiros dias em que está ali, o rapaz, chamado Carlos André, parece ter um enorme interesse por ela.
No entanto, nem tudo é um sonho. Maria Júlia vai perceber que a realidade para as mulheres no final da década de 1950 não é tão perfeita quanto ela imaginava que seria... Longe disso. Nisso, surge a questão: Ela vive seu sonho ou tenta voltar pra casa?
Uma leitura que me surpreendeu bastante! "Da fossa à bossa" traz uma história de viagem no tempo em plena Rio de Janeiro e um dos fatores que eu mais gostei são as referências a época que inundam as páginas dessa história! Pra começar os pôsteres que a protagonista tem na parede, como "Juventude Transviada" e "Cinderela em Paris", filmes de sucesso da época, como as músicas escolhidas pela autora na abertura de cada capítulo.
Dá pra ver que o livro foi escrito com muito amor e também que a autora, Gisele Fortes, tem muito conhecimento a respeito da época, seja no cenário político (como a criação de Brasília) como na cultura pop em geral.
Mas acredito que o principal ponto que me motivou a ler esse livro em um dia foi o desencanto da Júlia com a década de 1950. Aos poucos ela vai entendendo que a sociedade patriarcal é muito vigente e tira completamente o direito da mulher em se expressar ou exercer algum tipo de opinião.
Temas como a moralidade, a gravidez sem estar casada e construção da imagem feminina não bem tratados durante o livro, a forma como Júlia vai amadurecendo com o tempo é incrível!
Além disso tudo, o livro conta com uma playlist incrível criada pela autora para nos jogar na época dos Anos Dourados! Eu acessei a lista e já salvei várias músicas pra escutar (porque eu AMO músicas antigas) e sugiro que vocês façam o mesmo! Leiam... O livro é mega fluído e muito divertido de ler (além de ser curtinho).