O MEGALOMANÍACO MEDÍOCRE E OUTRAS HISTÓRIAS
Autor(a): Rafael Nogueira Fernandes
Editora: Viseu
Páginas: 104
Ano de publicação: 2022
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O que um homem com mania de grandeza, que se acha um ser humano extremamente singular – uma joia preciosa do universo – faria durante a quarentena em um país do terceiro mundo? E se esse homem, com todas as características de um megalomaníaco, fosse um ser medíocre, isto é: sem genialidade, sem um talento especial, uma ideia original, solitário, com um emprego ordinário, com uma formação ordinária e morador de um condomínio de classe média baixa chamado Bariloche IV. É aí que começa a aventura do nosso megalomaníaco medíocre, após dias de marasmo gastos nas redes sociais, ele resolve, como um exercício contra o tédio, instrumentalizar sua grandeza e ditar na abstração de sua mente a rotina e o destino de um dos desprezíveis moradores do seu condomínio: o senhor Ary, um velho solitário e incomunicável, trazendo, assim, algum sentido a sua existência. Todavia, algo inesperado e real acontece, um vulto estranho e enigmático surge no Bloco B, no apartamento 31, que fica de frente para o seu, de modo que essa sombra o persegue madrugada adentro e desperta nele o mais profundo Amor Hipotético.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O megalomaníaco medíocre e outras histórias lançado pela editora Viseu. O livro é de autoria de Rafael Nogueira Fernandes e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
A pandemia do COVID-19 serviu de reflexão pra muita gente. Em tempos de isolamento social, muitas pessoas mergulharam fundo nas redes sociais para tentar suprir a falta de estar no meio das pessoas, e bem... até que ponto isso foi benéfico? Ary, um senhor de 67 anos que vive em um condomínio de classe média tem muito a dizer sobre isso.
O protagonista da primeira história de "O megalomaníaco medíocre" evoca essa e algumas outras reflexões de uma forma bem direta e bem crua. Nisso, o autor (que também é personagem) mergulha em seus próprios vícios e instabilidades emocionais em uma escrita bem visceral e reflexiva.
Rafael Nogueira, o autor desse livro, cria quatro histórias intensas e que debatem uma série de temas importantes de serem debatidos, principalmente nos tempos que vivemos hoje! As três histórias que complementam a do título são "Enterro-dos-ossos", "Ei, seu E.T! Cadê você?" e "O concurso"
Cada conto é curtinho, tendo uma média de vinte e cinco páginas. Juntos, a antologia completa cerca de cem páginas e todas as histórias contém um humor ácido e extremamente necessários para enfrentar as situações cotidianas da nossa rotina!
O segundo conto, "Enterro-dos-ossos", foi um dos meus favoritos! Nele conhecemos alguns personagens que, em uma conversa de bar, acabam simulando e se exibindo vidas luxuosas das quais são inventadas, só para parecerem melhores para os outros.
Essa questão de "inventar" um outro personagem e mentir a respeito de sua própria condição torna a narrativa absurda, mas ao mesmo tempo extremamente real, enquanto acaba por denunciar o quão procuramos mostrar apenas as coisas boas para os outros - em uma tentativa de se sentir melhor com a inveja ou desgraça alheia, talvez? - e criamos a imagem de que nossa vida precisa ser perfeita.
Enfim, gostei muito das reflexões propostas pelo autor e me vi preso em várias delas durante toda a leitura! Espero que vocês leiam para virem me contar o que acharam das histórias e qual foi o conto preferido de vocês!