AO PARAÍSO
Autor(a): Hanya Yanagihara
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 720
Ano de publicação: 2022
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Em uma versão alternativa dos Estados Unidos de 1893, Nova York integra os Estados Livres, onde as pessoas podem amar quem quiserem (pelo menos é o que parece). Um jovem herdeiro de uma família renomada resiste ao noivado com o pretendente escolhido por seu avô, após cair nas graças de um charmoso professor de música com parcos recursos. Em uma Manhattan de 1993, assolada pela epidemia de aids, um jovem havaiano vive com seu companheiro muito mais velho e endinheirado, escondendo sua infância conturbada e a história de seu pai. E, em 2093, num mundo devastado por pandemias e sob um governo autoritário, a neta traumatizada de um cientista poderoso tenta viver sem ele — e solucionar o mistério dos sumiços do marido. Essas três seções se combinam em uma sinfonia fascinante e engenhosa à medida que temas recorrentes se aprofundam e se relacionam: uma casa em Washington Square Park em Greenwich Village; doenças e tratamentos com custos enormes; riqueza e miséria; a oposição entre fracos e fortes; raça; a definição de família e de nação; os perigos da justiça dos poderosos e dos revolucionários; o desejo de encontrar um paraíso terreno e a percepção gradual de que algo do tipo é impossível. O que une tanto os personagens como esses diferentes Estados Unidos é o ajuste de contas com aquilo que nos torna humanos: o medo, o amor, a vergonha, a falta e a solidão. Ao paraíso é um exemplo formidável de técnica literária, mas acima de tudo é um romance genial na forma como aborda as emoções. Sua grande força resulta da percepção de Yanagihara sobre o desejo angustiante de proteger aqueles que amamos — companheiros, amantes, filhos, amigos e até nossos concidadãos — e sobre a dor que sentimos quando isso não é possível.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Ao paraíso lançado pela Companhia das Letras. O livro é de autoria de Hanya Yanagihara e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Três histórias que se passam com cem anos de diferença entre elas. Ao começar a ler "Ao Paraíso", de Hanya Yanagihara, é impossível não sentir um estranhamento ao encontrar uma realidade alternativa dos Estados Unidos. Nela, a vigilância social entre os relacionamentos das pessoas é completamente diferente da nossa, e desde em 1893 as pessoas podem amar quem quiserem.
E é nesse ano que nos aventuramos pela primeira história dessa tríade, onde o local onde nosso protagonista, David Bingham, mora é intitulado de Estados Livres - nomeado assim depois de uma guerra civil; e por mais que David possa casar-se com alguém do mesmo sexo que o seu, a sociedade composta nos Estados Livres possuem diversos preconceitos enraizados, entre eles o de classe. Isso o impede de casar com um professor de origem humilde chamado Edward Bishop.
Já na segunda parte, intitulada Lipo-wao-nahele, a trama dá um pulo de cem anos e nos encontramos em 1993. O que me surpreendeu nessa segunda parte foi o fato da autora utilizar os mesmos nomes dos personagens que conhecemos na primeira parte, no entanto como pessoas diferentes em situações diferentes. Em uma Nova York consumida pelo surto da AIDS, David é um rapaz havaiano que vive com um homem bem abastado em um cenário que, além de epidemia, conta com diversos problemas no passado.
Já no terceiro e último ato, chamado Zona Oito, estamos no futuro. 2093 guarda traços de distopia conforme a cidade parece a beira da ruína conforme diversos vírus consumem a população local. Agora, Charles é um cientista que luta para trazer o fim a todo o sofrimento causado por aquelas inúmeras doenças.
Três histórias que possuem lugares e traços em comum, mas que falam sobre diversas temáticas relevantes, impactantes e de diferentes formas. Esse é o meu primeiro contato com a escrita da autora (que ficou bem famosa no Brasil por conta do calhamaço "Uma vida pequena"), e por mais que eu estivesse bem ansioso para ler algo dela, fui completamente surpreendido por essa história.
Por mais que essas histórias se conectem de alguma forma, elas podem ser lidas de maneira independente (principalmente o terceiro), e todas elas evocam sentimentos crus e narrativas importantes como o preconceito, o colonialismo e o luto.
A escrita da autora, no entanto, foi um pequeno empecilho para eu avançar na história: é descritiva e, em alguns momentos, bem cansativa. Eu sou do time de quem nem todo livro precisa ser fluído ou fácil, algumas histórias exigem mais articulação e, por isso, podem ficar mais pesadas... Bem, essa é uma delas.
De forma geral, eu gostei muito dessas narrativas - mesmo demorando meu tempo para lê-las da forma apropriada. Mesmo tendo uma série gigante de personagens (o que torna difícil saber quem é quem), eu pretendo ler o outro livro da autora para tentar conhecer um pouco mais de seu modo de escrita!