PÁTRIA QUE PARIU
Autor(a): Nielson Pimentel
Editora: Kotter
Clara, uma linda jovem, é brutalmente assassina pelo companheiro, deixando um casal de gêmeos sob a responsabilidade de Iraci, mãe da vítima e com quem tinha relações estremecidas. Porém, a pobreza e a dificuldade de criar duas crianças obrigam a avó a tomar decisões questionáveis, principalmente quando usa os netos para manipular Helena e Roberta, suas patroas, que desejam adotar para construir uma família.
“Que espécie de mãe sou eu que não conseguiu proteger seus filhos? Quase todos morreram, e a outra fugiu; todos se afastaram de mim, onde foi que eu errei? Por que Deus, minha família sofre tanto, que pecado eu cometi para receber uma provação dessas? Eu não fui o suficiente na igreja, eu não dei o dízimo correto, não evangelizei o suficiente, cantei pouco, hein? Me mostra o meu erro para não cometer mais, por favor, não me deixa passar por isso novamente, eu acho que não vou aguentar.”
Esse trecho que eu separei sintetiza muito alguns dos principais temas de "Pátria que Pariu", livro escrito por Nielson Pimentel. É dolorido acompanhar o desenvolvimento dessa história, isso porque ele é cercado de cenas de violência e abuso. No entanto, são esses elementos que tornam essa história tão real e importante de ser narrada.
Todos os anos, diversos casos de violência doméstica são relatados nas delegacias ao redor de todo o mundo, no entanto, muitos deles sequer chegam a ser investigados! Além disso, muitas pessoas (principalmente mulheres) tem medo de relatar o abuso que sofrem com medo de retaliação. Em "Pátria que pariu" nós vemos como isso acontece, e por mais que essa situação seja ficcionalizada, ela também é triste e cruel.
Iraci, a mulher que toma protagonismo dentro da narrativa, sofreu a vida inteira com o abuso por conta de seu marido, um homem vil chamado Antônio que utiliza da figura de "cidadão do bem" e "frequentador da igreja" para esconder seus vícios: a bebida e a violência. Esconder da sociedade, mas não das pessoas que vivem com ele.
É triste saber que essa é a realidade de milhares de pessoas, e aqui tá o grande acerto do autor: retratar isso de uma forma não romantizada e também com todo o tom de urgência que ele necessita.
Essas questões sociais são bem desenvolvidas no livro, como lares violentos existem em todos os tipos de lares, mas como são os mais pobres ou mais marginalizados pela estrutura social sofrem ao tentar sair daquele ciclo criado.
A história me impactou muito e com certeza irá te impactar também! Alerto mais uma vez para questão de gatilhos que podem afetar leitoras e leitores mais sensíveis, visto que o autor aborda temas como abuso físico e psicológico, violência explícita e maus tratos a crianças.