24 de março de 2023

RESENHA: NIHIL

 


NIHIL 
Autor(a):  Carolina Mancini
Editora: Independente

Páginas: 165
Ano de publicação: 2022
Compre através deste link.

Enclausurado por muito tempo, o ser humano definha.Do lado de fora, uma espessa neblina dominou países inteiros. Ela mata quem se arrisca a desbravá-la, espalha vísceras, sangue e entrega os gritos a um estranho lugar sem cheiros, sons, luz ou escuridão.Do lado de dentro os sobreviventes enfrentam sua subsistência. Não há água encanada, ondas de rádio ou energia elétrica. Falta comida e os sentimentos são confusos e intensos.Não há sol ou chuva para se observar. Não há divisão entre dia ou noite. Os relógios estão parados e qualquer esperança já se fragmentou, mesmo que alguns ainda esperem por algo que já nem sabem se existe ou mesmo se tem um nome.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Nihil lançado de forma independente. O livro é de autoria de Carolina Mancini e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

O horror nunca foi tão belo e tão aterrorizador. Em "Nihil", acompanhamos um mundo tomado por uma neblina resultante de uma série de bombas que foram explodidas. Essa neblina que perdura e isola a sociedade de coisas naturais como a claridade do dia e a escuridão da noite persiste, e é mortal.

Existe algo de nocivo da neblina, que leva todos aqueles que ousam desbravá-la a morte certeira. Como efeito de tudo isso, a sociedade parece ter parado no tempo, existindo apenas para sobreviver. Nada parece mais funcionar, os sobreviventes precisam se isolar e ficar em seus refúgios para não serem mortos...

Tudo isso causa o pânico mais visceral e real já posto. E é através de uma série de relatos que vamos acompanhando o dia angustiante das pessoas que vivem nessa espécie de limbo, que um dia já foi uma sociedade. 

Um dos maiores méritos de "Nihil" pra mim está na construção do horror através do rotineiro. Isso porque os capítulos do livro são compostos de relatos daqueles que sobrevivem nesse mundo caótico. 

Esses relatos podem ser fragmentos de poemas, uma página e meia de diálogos entre duas pessoas, relatos científicos, desenhos, anotações em um diário, confissões e desejos. Todos esses tipos de textos estão presentes em Nihil e exploram a psique humana de forma única. 

Acho que o que torna Nihil tão aterrorizante é que todos os medos presentes na história são projeções reais (aumentadas e ficcionalizadas) de sentimentos que todos nós já tivemos ou teremos algum dia. O medo de ficar sozinho, o medo do incerto, o medo de nos perdermos em nossas próprias vontades... Tudo isso é evocado de forma brilhante através da poesia e prosa presente nessas páginas. 

O resultado é algo que impacta, incomoda e encanta ao mesmo tempo. Grande parte desse encantamento se dá por conta da edição, que trabalha bem esses tipos textuais com ilustrações e diagramações que nos fazem mergulhar com mais profundidade na obra.

Os desenhos presentes nas páginas do livro são belíssimos, e toda a confusão que o leitor pode ter no início da obra vai se dissipando conforme vamos tendo um panorama melhor do livro. 

Confesso que essa leitura me surpreendeu muito (positivamente, claro), principalmente por ler essa história em uma realidade pós pico de pandemia do COVID, onde assuntos como isolamento e incerteza nos pegaram em cheio. Fica a indicação!


 


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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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