RESENHA: 50 VIDAS — SILÊNCIO DAS ALMAS PERDIDAS | Porão Literário

Autor(a): Amilton Conté
Editora: Primeiro Capítulo

Páginas: 130

Ano de publicação: 2023

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As 50 vidas! Essas crónicas respondem de forma direta às dificuldades dos nossos antepassados, ao nosso dia a dia e ao futuro das nossas crianças, sem falar no amanhã da robótica. Nessa minha pouca idade, percorri os caminhos tortos da vida e falei com pessoas em estado de espírito diferente, uns à espera da morte, outros à espera do herdeiro. O que mais me impressionou foi o soldado que fui, uma realidade a 80%, pedindo esmola nas ruas da Baixa. Só não lhe dei mais por se encontrar em dificuldades financeiras. Mas dei o meu coração logo, dei toda a atenção ao desabafo.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro 50 vidas — Silêncio das almas perdidas lançado pela Primeiro Capítulo. O livro é de autoria de Amilton Conté e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.

"Todos os homens nascem com um sonho, uma realidade e muitos desejos. Podemos ser o que somos no passado, sonhando alcançar o impossível e o possível. Mas a nossa realidade será sempre a mesma para o mundo. Para quê acordar aquilo que vive adormecido?"

Essa citação é a primeira coisa que lemos em "50 vidas", pertencente a uma crônica chamada "Soldado que fui!", marcando assim o início da nossa leitura. Ela por si só já estabelece um padrão de escrita e reflexão que se manterá nas próximas 43 crônicas que compõem essa bela coletânea.

Pra começar, esse é meu segundo contato com a escrita de Amilton Conté. Primeiro eu tinha lido a coletânea de poemas intitulada "As mágoas que magoam", cuja resenha você pode conferir aqui. Na minha crítica ao seu outro título, destaquei o quão forte é a escrita de Amilton e o quanto ele consegue ser sutil e poético em uma série de coisas.

Bem, em "50 vidas" o estilo mudou, afinal agora estamos diante de uma série de crônicas. O texto em prosa, no entanto, conta com um alto nível poético e reflexivo. Aqui o autor divaga sobre como diferentes vivências afetam a nossa perspectiva sobre as coisas. Como conversar com alguém e se colocar no lugar do outro pode trazer um ponto de vista nunca antes percebido.

"Se alguém me questionar acerca da melhor crônica entre os 44, eu diria que ainda não a escrevi, porque o mundo está em constante evolução e cada dia é um dia e o melhor estará para chegar."

Entre dores de uma guerra e dores de um amor, vamos conhecendo esses personagens conforme vamos nos aventurando nas crônicas de Conté. Nem todas são tristes, algumas guardam resquícios de felicidade em doses homeopáticas, mas com certeza todas nos colocam em um lugar de análise e reflexão que eu simplesmente amo estar.

"A vida é bela!... Quando sabemos usufruir de forma digna cada gota de oportunidade que nos concede. A vida é uma monotonia recheada de presentes lastimáveis que interferem sucessivamente na nossa felicidade, que só se torna completa quando encontramos a nossa alma metade, na qual possamos partilhar o fardo da solidão."

Além disso tudo, o autor traz um recorte muito importante, como a luta pela liberdade em períodos de ditadura (presente no conto Mais esse dia); a diferença social e a pobreza extrema (presentes no conto Jibóia Negra), e o racismo e a xenofobia (presentes no conto Imigrantes). Tudo isso dá um caráter social muito relevante a obra de Conté.