Autor(a): Beatriz Tajima
Editora: Viseu
Páginas: 68
Ano de publicação: 2023
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Azul-petróleo são as poesias que dançam com o vento sul. A cor da camiseta de um velho amor, das águas frias da Baía das Bruxas, da rede de um pescador. São os olhos da cigana, o canto da sereia e o som das ondas do mar na areia. O voo de um beija-flor. Quero que você mergulhe nas águas azul- esverdeadas para que seja levado, pelas mãos, para o fundo. Para que conheça o silêncio e a solidão dos naufrágios.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Azul petróleo, publicado pela editora Viseu. O livro é de autoria de Beatriz Tajima e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
É difícil tentar transcrever a imensidão da qual Azul petróleo mergulha em suas 44 poesias. Entre os diversos temas propostos pela Beatriz Tajima, autora desse conjunto poético incrível, acredito que a memória, a identidade e a procura pela liberdade estejam entre os pontos principais para entender um pouco mais sobre o que essa antologia poética retrata.
"Os restaurantesAquecem panelas e músicas docesEnquanto colocam suas mesas coloridasNa praia azul-petróleoPescadoresTecem redesRemam cores geladasO galo tece manhã com seu canto
O poeta tece linhas finasFiosFios de meadanão perco mais o fio das palavras"
A própria construção poética é colocada em jogo pela própria autora conforme ela brinca com os sentidos das palavras para nos levar a lugares inusitados e de pura reflexão! Talvez essa tenha sido a parte que eu mais gostei durante a leitura desse livro tão especial.
Em "Sereias", um dos contos presentes no livro, Beatriz trás um conjunto de palavras sem conexões sintáticas, deixando esse trabalho para a subjetividade do próprio leitor. Me diverti muito com esse tipo de poema, que com certeza nos faz trabalhar junto com a autora em busca de um significado, e muitas vezes ele pode ser mais pessoal do que pensamos que será.
"os dias mais lindos feitosamoras e figosdo seu perfume cítricoem minhas memórias de papel"
A memória também é outro elemento que a poeta trabalha muito bem! Desde aquelas memórias abstratas e sensoriais da infância até aquelas que almejamos ter... Tudo é retratado aqui de uma forma profunda, mas sem que o poema perca sua estrutura leve e prática.
Tanto é que li esse livro em apenas algumas horas! A escrita de Beatriz com certeza nos ajuda a devorar seus poemas em uma velocidade acelerada, no entanto, sempre me pegava voltando para um poema ou outro, para reler e tirar dali novos significados.
"A antiga canção do marAo amanhecerQuando as estrelasSe tornam invisíveis outra vezOs barcosDesaparecem no horizonteEnquanto as gaivotasCantavam e dançavam
LivresNas nuvens"
Sentir essa liberdade é incrível e pode ser incorporada ao ler esses poemas tão confortáveis e reflexivos, por isso, indico fortemente "Azul petróleo" para quem ama poesia e também para quem quer se aventurar no gênero mas não sabe por onde começar!