Organizadores: Jonathas Justino
Editora: Letramento
Páginas: 319
Ano de publicação: 2023
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Juno é uma pessoa cujo desejo mais intenso é o Enlouquecimento. Vê a possibilidade de Escape da Vida tal qual conhecemos pelo desencontro com a Razão. Incansavelmente visa ao rompimento com o que irá nomear como Real realidade: um cotidiano como o de qualquer pessoa, emaranhado em um ciclo voltado ao trabalho, repleto de obrigações corriqueiras e malditas. Dia após dia, Juno sonha o mesmo sonho: com um Poço — local “irreal” que ele necessita decifrar para se desvendar e escapar da armadilha que o cerca. A Vida vigiada e a expropriação do corpo devem ser cessadas e isso, em primazia, é tudo o que importa! Suas andanças pelos Delírios, Devaneios e Alheações passam a consumi-lo e, em determinado ponto de Cisão, Juno se depara com a Terra dos Espectros, tecendo longos diálogos com os vultos da Loucura, da Confissão e da Vigilância. Ao desvelar o grande tabuleiro que configura o que conhecemos como Vida, certa dúvida passa a corroê-lo: ele realmente enlouqueceu ou foi progressivamente guiado pelos Espectros aos confins da Criação?
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Juno lançado pela editora Letramento. O livro é de autoria de Jonathas Justino e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Juno, uma alma sedenta por algo mais, anseia fervorosamente pela insanidade. Enxerga uma rota de fuga da existência cotidiana através do desencontro com a razão. Incansavelmente busca romper com o que rotula como a verdadeira realidade: um quotidiano como o de qualquer pessoa, enredado em um ciclo dedicado ao labor, repleto de tarefas triviais e malditas. A cada dia, Juno revive o mesmo sonho, que o transporta para um Poço - um local "irreal" que precisa decifrar para desvendar-se e escapar da teia que o envolve.
A vida sob vigilância e a expropriação do corpo devem ser interrompidas, e isso, acima de tudo, é o que importa! Suas jornadas pelos delírios, devaneios e alheações começam a consumi-lo, e em um ponto de cisão determinado, Juno se depara com a Terra dos Espectros. Lá, entabula longos diálogos com as sombras da loucura, da confissão e da vigilância.
Ao desvendar o vasto tabuleiro que molda o que conhecemos como vida, uma dúvida insidiosa começa a corroê-lo: terá ele realmente enlouquecido, ou foi progressivamente conduzido pelos Espectros aos confins da criação?
Gente... que história DOIDA essa que eu acabei de ler! Em "Juno", mergulhamos na cabeça de uma pessoa que não sabe se está enlouquecendo ou se tudo ao seu redor é que está ficando cada vez mais insano. Composto por uma série de reflexões e personagens que representam o abstrato e o real (ao mesmo tempo), sinto que saí desse leitura entendendo tudo e nada (também ao mesmo tempo).
Existe algo de maravilhoso e psicodélico na escrita de Jonathas Justino, não sei muito bem dizer o quê, talvez a forma como o fluxo de consciência do personagem navega de maneira não-linear entre a vida e a morte, o real e o irreal... Tudo isso tem uma coerência interna que nos atiça a tentar entender um pouco mais quais que são os anseios do personagem principal.
A incessante luta contra a vida "normal" e a exploração dos limites do cotidiano ecoam em um desejo de transcender as convenções sociais e moldar a própria existência. Juno, de maneira existencialista, parece procurar uma autenticidade radical, enfrentando as amarras impostas pela sociedade e pelo sistema em que vivemos.
Existe uma forte crítica ao sistema capitalista que é abordado de forma brilhante pelo autor, assim como a rotina e a visão que muitos que estão acima de nós nessa pirâmide tem sobre a gente: de sermos produtos. Eu gostei muito da forma como o autor brinca com esses elementos de uma forma tão autoral.
A entrada de Juno na Terra dos Espectros e seus diálogos com sombras representativas da loucura, confissão e vigilância SÃO INSANAS. Tudo beira a loucura mais sã que já tive ao ler um livro e acaba se encaixando muito bem na proposta da trama.