Organizadores: Jonathan Swift
Editora: Zahar
Páginas: 446
Ano de publicação: 2023
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Uma das grandes sátiras da literatura de língua inglesa, Viagens de Gulliver vai muito além do imaginário criado sobre o explorador que se descobre gigante em meio aos diminutos liliputianos. Parodiando os relatos de viagem em voga na época, Jonathan Swift constrói uma narrativa especular e corrosiva que usa o sarcasmo de modo genial para fazer uma crítica feroz à Inglaterra, à monarquia, ao progresso, à ciência e ao olhar arrogante do colonizador. Como um etnógrafo aprendiz que esquadrinha culturas consideradas primitivas, Gulliver enxerga nelas apenas a manifestação do selvagem, do inferior, até perceber as contradições e desumanidades da sociedade dita moderna, tão ou mais primitiva que as outras.Divertida, amarga e irônica, a obra maior de Swift é um tratado ácido sobre a civilização humana, suas relações e instituições marcadas pela hipocrisia, pelo preconceito e pela ganância.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Viagens de Gulliver lançado pela editora Clássicos Zahar. O livro é de autoria de Jonathan Swift e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Pra início de conversa, eu SEMPRE quiser ler "As viagens de Gulliver", mas sempre colocava a leitura pra depois... Bom, não mais! Finalmente pude me aventurar na jornada extraordinária de Lemuel Gulliver, um intrépido viajante que enfrenta tempestades e mares desconhecidos.
Em Lilliput, Gulliver se depara com seres minúsculos e suas intrigas políticas, já em Brobdingnag inverte a escala, com Gulliver como o pequeno em uma terra de gigantes, As viagens continuam, levando-nos a lugares como Laputa, onde a ciência é levada ao extremo, e a Houyhnhnms, uma sociedade governada por cavalos racionais.
A criatividade de Swift realmente foi uma das coisas que eu mais apreciei nessas múltiplas viagens de Gulliver. É incrível como o autor consegue utilizar da fantasia e das leis daquele lugar em específico para fazer alguma crítica social.
A narrativa é uma verdadeira alegoria, abordando questões mais profundas, como política, religião e a própria natureza humana. A prosa de Swift é complexa, mas a habilidade em entrelaçar humor e crítica social é notável. Cada povo e lugar são meticulosamente construídos, e Swift oferece uma visão perspicaz da condição humana.
Os personagens, com destaque para Gulliver, são muito bem escritos. Gulliver, como observador e participante nas distintas sociedades, representa uma janela pela qual exploramos as críticas satíricas e as observações sagazes de Swift.
Sua evolução ao longo das viagens, embora sutil, reflete as mudanças em sua própria compreensão do mundo, acrescentando camadas à riqueza da narrativa. A prosa de Swift é uma delícia, com um equilíbrio notável entre humor, ironia e uma crítica social.
Minha opinião? Imersão total. A leitura pode ser um desafio, dada a complexidade dos povos e até mesmo um pouco da linguagem do autor. Mesmo sendo escrita em 1726, "Viagens de Gulliver" transcende o todo esse tempo, oferecendo uma crítica atemporal e uma visão profunda da condição humana. Swift, com sua genialidade satírica, nos presenteia com uma história MARAVILHOSA que realmente abusa da criatividade e nos faz amar fantasias com ainda mais força.
E amores, essa edição comentada da Zahar está espetacular! Fiquei encantado com as ilustrações da capa e os detalhes de todo o livro (que é capa dura) e a apresentação a obra com um texto de José Roberto O'Shea. Amei muito!