Organizadores: Márcia Macedo
Editora: Viseu
Páginas: 256
Ano de publicação: 2024
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"O desejo da autora, em cada texto deste livro, é traduzir em palavras o que se passa no invisível de si mesma. Ao construir diversas metáforas para seus sentimentos, acontecimentos, revelações e lembranças foi possível transpor para o mundo material das palavras o que antes só existia na sua mente."Giselle Magalhães, psicóloga.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A quebra lançado pela editora Viseu. O livro é de autoria de Márcia Macedo e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
"A Quebra é fruto de um profundo processo da psicoterapia que germinou, inicialmente, de maneira despretensiosa. Já nos primeiros encontros, nas primeiras sessões de psicoterapia, foi sugerida como "tarefa de casa", a escrita. Uma espécie de diário em que pudessem ser registrados os sentimentos, os pensamentos, as experiências subjetivas e dolorosas que a autora vivenciava em um quadro agudo de depressão."
O trecho acima foi escrito por Giselle Magalhães, psicóloga que atendeu a autora desse livro. Ele vem logo no prefácio, que contextualiza os textos que virão a seguir e que compõem o livro "A quebra". Esse início já foi o suficiente para atrair minha atenção para livro, até porque eu já conhecia o trabalho da autora com o livro "Devaneios de um pescador".
Diferente do outro livro, no entanto, "A Quebra" é muito mais pessoal e biográfico. Nele, acabamos mergulhando na mente de Márcia em um estado complicado de sua vida. Principalmente levando em conta os últimos anos, com pandemia e tudo mais, muitas pessoas devem ter passado por sintomas depressivos ou um quadro mais agravado, e talvez seja isso que torne os textos, contos e crônicas desse livro tão impactantes.
"Quando quebrei, e não conseguia juntar meus pedaços, tudo era confuso. Muitos sentimentos me inquietavam e parte de mim não conseguia se unir às demais."
São vários textos que perpassam por várias fases da autora. O mais impressionante na sua escrita é a forma como ela consegue trazer temas tão intensos e complexos com uma polidez literária. Sentimos aquele temor ou aquela busca por reconstrução através de suas palavras, em seus pontos mais altos oferece uma esperança, enquanto nos pontos mais baixos discorre a respeito da dor e da ansiedade que tal situação traz a nossa mente.
"Depois da minha restauração, aprendi sobre a ressignificação das coisas, principalmente dos sentimentos."
É incrível a imensidão de assuntos que é retratada nesses contos: o desejo de voltar a ser quem era, a técnica de fuga da realidade para buscar algo melhor, a tentativa de ajudar outros quando estamos em momento delicados, o poder do silêncio e da meditação... São vários elementos que compõem essas histórias.
É importante ressaltar que, em nenhum momento a história se torna um guia para sair da depressão, mas sim a forma como a autora conseguiu estruturar seus pensamentos e fabulá-los em pequenos contos que acabaram auxiliando em sua terapia! A escrita tem um poder muito forte em nossas vidas, e é muito bom ver ela ser utilizada de forma tão potente quanto em "A Quebra".
Por fim, eu acabei gostando muito de ter essa experiência com o livro. Por mais que em alguns momentos os textos sejam intensos (não tem como não ser, na verdade) e melancólicos, o resultado deles foram a constituição de uma vida, de uma identidade e de relações que são criadas nesse processo! Fica a indicação.
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