Organizadores: R. F. Kuang
Editora: Intrínseca
Páginas: 592
Ano de publicação: 2023
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Em 1828, um menino se torna órfão pelo rastro do cólera em Cantão, na China. Sob o nome de Robin Swift, ele é levado a Londres pelo misterioso professor Lovell e por anos se dedica ao estudo de diversos idiomas, como latim e grego antigo, preparando-se para um dia ingressar no prestigiado Real Instituto de Tradução da Universidade de Oxford, conhecido como Babel.Com sua torre imponente que guarda segredos inimagináveis, Babel é o centro mundial do saber. No Instituto, Robin descobre que aprender a traduzir é também aprender a dominar a magia. Através de barras de prata encantadas, é possível manifestar as nuances e os significados perdidos na tradução ― e essa arte trouxe aos britânicos uma dominância sem precedentes. Para Robin, Babel é uma utopia dedicada à busca do conhecimento. Mas o conhecimento obedece ao poder... Chinês criado na Grã-Bretanha, o jovem começa a se questionar se servir a Babel significa trair sua pátria e se vê dividido entre a Instituição e uma obscura organização destinada a impedir a expansão colonialista. Quando a Grã-Bretanha vislumbra entrar em guerra com a China motivada por prata e ópio, Robin vai precisar escolher um lado. Afinal, será possível mudar as instituições por dentro ou a violência é inerente à revolução? Em uma narrativa brilhante, visceral e sombria, R.F. Kuang ― autora da aclamada trilogia A Guerra da Papoula e um dos maiores nomes da fantasia atualmente ― revisita e reescreve a Revolução Industrial na Inglaterra e a história colonial da China na década de 1830. Vencedor dos prêmios Nebula e Locus, Babel ou a necessidade de violência é ao mesmo tempo uma carta de amor e uma declaração de guerra, abordando temas como revoluções estudantis, resistência colonial e o uso da linguagem e da tradução como ferramenta dominante do império britânico.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Babel: Ou a necessidade de violência lançado pela Intrínseca. O livro é de autoria de R. F. Kuang e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Num período marcado pela devastação do cólera em Cantão, na China, um jovem perde seus pais. Em meio isso ele é acolhido pelo professor Lovell que o leva para Londres. Renomeado como Robin Swift, o garoto passa ser pupilo do professor, passando então a estudar assiduamente línguas como latim e grego, preparando-se para entrar no prestigiado Real Instituto de Tradução da Universidade de Oxford, conhecido como Babel.
Babel, com sua torre imponente, é o epicentro global do conhecimento eurupeu ocidental. Lá, Robin descobre que a arte da tradução está entrelaçada com a magia. Por meio de barras de prata encantadas, ele aprende a desvendar os segredos e nuances perdidos nas palavras, é esse tipo de poder conduzido pela prata que concede aos britânicos uma supremacia sem igual.
No entanto, depois de entrar na escola, Robin começa a questionar se servir a essa instituição é trair suas raízes chinesas, já que muito do que Robin vê ali contribuí para a colonização de cidades como a da qual ele veio.
Criado numa cultura britânica, Robin enfrenta um dilema: apoiar Babel ou se aliar a uma misteriosa organização que luta contra a expansão colonialista. Enquanto a Grã-Bretanha se prepara para guerrear com a China em busca de riquezas como prata e ópio, Robin se vê obrigado a escolher um lado. Ele se pergunta se é possível mudar as instituições de dentro para fora ou se a violência é a única via para a revolução.
Perfeito — e talvez a melhor leitura do ano. Seria fácil descrever o novo livro de R. F. Kuang como uma das leituras mais prazerosas que eu tive em um longo tempo, mas isso não seria o suficiente para exaltar a complexidade e o trabalho de pesquisa que a autora precisou fazer para escrever essa história.
Me encantei pela brutalidade de Kuang desde quando li o primeiro volume de "Guerra da Papoula" a alguns anos; por isso estava super ansioso pra ler Babel, principalmente por saber que essa era uma história que se encerrava no primeiro livro (amém).
Mas o sentimento que ficou era de querer ler mais, a autora realmente foi mastermind em criar um sistema de manipulação da matéria cujo efeito se dá no que se perde da tradução. O poder das línguas e, principalmente, das divergências culturais que elas possuem é elevado à máxima em "Babel"; além disso, vemos a violência como uma ferramenta de controle e de manutenção de poder.
Além de Robin, conhecemos Ramiz (Ramy), um estudante indiano muçulmano de Calcutá que entra pra academia; Letitia (Letty), filha de um ex-almirante britânico e colega de quarto de Victoire, uma garota haitiana que cresceu na França. Todos eles tem as línguas das quais são especializados e fazem parte da turma de Robin, todos eles se tornam amigos que precisam do apoio um do outro pelos quatro cansativos anos em Babel.
O tom de dark academia é muito forte dos dois primeiros terços do livro, no final a coisa fica mais politizada e vemos como as palavras guardam um poder quase que inesgotável. Eu me apaixonei por esse livro e todo seu sistema, por favor, leiam.