RESENHA: ALERTA VERMELHO

 

Organizadores: Martha Wells

Editora: Aleph

Páginas: 216

Ano de publicação: 2024

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Qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando você pensa em um robô humanoide que hackeia o próprio sistema e conquista autonomia? Um banho de sangue? Bem, o autointitulado robô-assassino de Alerta vermelho tem outras prioridades... Mais especificamente, maratonar milhares de horas de conteúdo audiovisual em seu feed de entretenimento. Isso, é claro, se os humanos deixarem. Porém, ao ser enviado como parte de uma expedição a um planeta remoto ― até mesmo um robô precisa trabalhar ―, uma série de eventos misteriosos coloca em risco os humanos que ele foi designado a proteger. Mesmo sem entender muito bem o motivo, ele agora se importa de verdade com a segurança daquele grupo irritante ― e ninguém vai tocar nos humanos dele. O robô vai se certificar disso. Ao explorar os limites da inteligência artificial, intrigas políticas e questões como autonomia e identidade pessoal, Martha Wells transcende as fronteiras da ficção científica ao oferecer uma narrativa que seduz tanto entusiastas do gênero quanto leitores ávidos por uma história envolvente.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Alerta Vermelho, lançado pela editora Aleph. O livro é de autoria de Martha Wells, foi  traduzido por Laura Pohl. A resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

"Eu poderia ter me tornado um assassino em massa depois de hackear meu módulo regulador, mas então percebi que conseguia acessar o feed com todos os canais de entretenimento transmitidos pelos satélites da empresa."

No universo futurista que Wells criou, corporações gigantes controlam missões planetárias, fornecendo androides de segurança para proteger as equipes de cientistas que exploram mundos perigosos. E é aqui que conhecemos o Robô, nosso protagonista. 

Programado para ser um assassino implacável, ele acaba hackeando o próprio sistema e desenvolve algo que nenhum humano esperava: autoconsciência. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, ele não se torna um super-herói ou um vilão; mas prefere gastar seu tempo assistindo a séries e evitando qualquer tipo de interação humana.

A história começa a ganhar força quando a Dra. Mensah e seu grupo de cientistas são enviados a um planeta para uma missão que, aparentemente tranquila, dá super errado; nisso, todos são comprometidos e cabe a ele agir para que possa salvar o grupo do qual foi designado os "seus humanos" – um termo que ele começa a usar com mais frequência.

Vamos lá! Pra início de conversa, vi muito falarem sobre esse livro nas redes sociais, isso fez com que eu me interessasse em ler mais sobre ele. Descobri durante minha pesquisa que essa história recebeu prêmios importantes da ficação científica, como os prêmios Hugo, Locus e Nebula. O material que tive contato, no entanto, me surpreendeu! 

Com seu sarcasmo e apatia pela humanidade, o robô do qual acompanhamos se desvencilha de muitas das histórias que já li do gênero. Com uma vibe meio Marvin de O Guia do Mochileiro das Galáxias, ele não se limita a seguir ordens ou cumprir sua programação; em vez disso, luta com dilemas existenciais sobre o que significa ser livre e, paradoxalmente, sobre a responsabilidade que sente em proteger os humanos ao seu redor.

Isso com certeza me surpreendeu muito na leitura! Por mais que seja um livro curto, com cerca de duzentas páginas, o humor descompromissado atribuído a narrativa e as reflexões que ele causa dá uma estrutura única para a escrita de Wells, e foi uma ótima surpresa nas minhas leituras desse ano de 2024. 

 

Se você curte ficção científica com um toque de humor sarcástico e temas que dialogam com a natureza humana (nesse caso, nem tão humana assim), Alerta Vermelho é leitura obrigatória.  Por mais que o livro tenha seu momento em que poucas coisas aconteçam na estrutura externa, eu amei o tom empregado na história. Com certeza, um dos melhores livros de ficção científica que li recentemente.