28 de setembro de 2024

RESENHA: POR UM VASO DE HORTÊNSIAS

 


Organizadores: Margareth Tassinari 
Editora: Insular
Páginas: 128
Ano de publicação: 2024
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Como quem fosse costurando um belo vestido de baile, foi registrando a trajetória desta criação primeira. O formato que o tecido iria tomar, o tamanho das mangas e os adereços… os adereços sempre preciosos, marcantes num estilo literário que encanta. Como excelente “costureira das palavras”, é na hora dos detalhes/enfeites do vestido de baile que sugeri ali acima, que Margareth vai colocando, próximas umas às outras, suas pérolas, lantejoulas, paetês, para enfeitarem o vestido para o grande baile, agora transformado em livro. Situações literárias que podem ter acontecido ontem ou poderão acontecer amanhã, numa cidade qualquer, em qualquer canto, pois seus personagens não têm cor, peso ou altura determinados. Só o cachorro e o gato são mais gordinhos e têm cores definidas. Agradeço imensamente a ela pelo convite para os ajustes finais do seu livro de estreia e lhe recomendo, caro(a) leitor(a), que leia este livro com o carinho que ele merece. Que seja o primeiro de muitos que poderão ainda vir.


Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Por um vaso de hortênsias, lançado pela editora Insular. O livro é de autoria de Margareth Tassinari e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.  


As noites na cidade eram inebriantes, perfumadas, saborosas, iluminadas e coloridas. A relva, as plantas e flores noturnas, as colônias e loções usadas pelos transeuntes e as comidas dos quiosques, bares e restaurantes aromatizavam o ambiente. Os sabores vinham da farta e variada gastronomia. O luar, as estrelas, os postes e os letreiros iluminavam a noite, colorida pelas flores das praças e pelas roupas festivas dos frequentadores daqueles inúmeros espaços disponíveis.

 

Em "Por um vaso de Hortênsias", somos apresentados a um retrato sensível da vida cotidiana através de diversos pontos de vista. Quando iniciei esse livro, fiquei meio frustrado por ele não conter uma sinopse oficial. Na orelha do livro tem um relato que fala um pouco sobre a escrita da autora e na contracapa existe alguns trechos da história (nada que revele muito seu conteúdo). Curioso, comecei a ler o resultado não poderia ser melhor: 


O livro evoca uma experiência quase contemplativa, ao retratar com simplicidade a beleza escondida nas interações diárias, nas emoções humanas e nos pequenos gestos que compõem a vida em comunidade


A narrativa se constrói de forma fragmentada na qual cada pedaço traz uma história, um personagem, uma família. O elo que une essas histórias é uma rua, onde vivem oito famílias cujas rotinas se cruzam e se influenciam de maneiras sutis, Eder, Gerusa, Helenice, Oto, Zilá, Lia, Irina, Manolo... Esses são apenas alguns dos personagens dos quais acompanhamos no decorrer dessas cento e vinte páginas. A partir dessas pequenas histórias (pequenas mesmo, algumas tem cerca de uma página de duração), a autora explora temas universais como a busca por pertencimento, a solidão e a proximidade entre vizinhos, sempre com um olhar sensível e detalhista sobre as emoções envolvidas.


Contudo, o que mais chama a atenção é a habilidade da autora em capturar momentos aparentemente corriqueiros e infundi-los de significado poética, como no momento em que uma das personagens reflete sobre a ausência de reciprocidade espontânea em seu relacionamento, demanda de carinho e camadas de desejo por conexão podem ser vistas em um trecho simples, mas que diz muito. 

Assim era com eles, por isso o comparou com um vendedor. Ela pedia um abraço, ele lhe dava. Pedia um beijo, recebia. Ela não queria ter que pedir. Precisaria partir sempre dela a iniciativa de aproximação, de contato? Aguardava, quase sempre em vão, que ele lhe surpreendesse com um agrado ou um galanteio. Podia ser infantilidade, mas ela desejava viver todos os dias com o frescor da vida amorosa dos 20 ou 30 anos. Será que era pedir muito? Antenor até tentava, mas não sabia bem como atendê-la.


Por fim, eu gostei muito de fazer essa leitura pelo fator surpresa e pela profundidade do texto! Fica minha indicação para quem quer refletir sobre a própria vivência cotidiana e enxergar, através da prosa reflexiva da autora, o extraordinário no ordinário.

 

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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