Organizadores: Mary Renault
Editora: Faro Editoral
Páginas: 288
Ano de publicação: 2024
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Mary Renault retrata a intensa vida de Alexandre, o Grande, o líder carismático cujas motivação e ambição o tornaram lendário. Após a morte de Alexandre, seu império ficou sem comando, pois seus únicos herdeiros eram seu meio-irmão, Filipe Arrideu, que sofria de problemas mentais, e seus filhos ainda não nascidos. Então, uma batalha pelo poder se inicia: enquanto os generais macedônios proclamam Filipe como líder, sua noiva Eurídice começa a colocar em prática seus próprios planos ambiciosos, resultando na explosão de uma guerra civil. Cassandro, eterno rival de Alexandre, assume a liderança da rebelião, com o objetivo de tomar o trono por meio de assassinatos e intrigas, resultando no início do desmoronamento do tão cobiçado e vasto império.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Jogos Funerários, lançado pela editora Faro Editoral. O livro é de autoria de Mary Renault e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Em Jogos Funerários, Renault nos leva ao período imediatamente após a morte de Alexandre, o Grande, onde a luta pelo poder e a sobrevivência definem o destino do império que ele construiu.
O livro abre com a morte do maior conquistador da Antiguidade e, a partir daí, começa a contar os eventos que seguem seu falecimento, focando nas tensões e intrigas que surgem entre seus generais e sucessores. Como Renault faz questão de mostrar, o que Alexandre deixou para trás não foi um império unificado, mas um caldeirão de ambições descontroladas. Cada general quer seu pedaço do legado, e as batalhas, tanto no campo quanto nos bastidores políticos, não demoram a explodir.
Renault não poupa detalhes ao descrever as manobras traiçoeiras de figuras como Ptolomeu, Perdicas e Antípatro, que lutam para dominar partes do vasto império. O livro é carregado de drama político e violência, mas a autora também encontra espaço para explorar as fragilidades e motivações pessoais desses personagens históricos.
Em vez de glorificar Alexandre, a história foca nas consequências caóticas de sua ausência, revelando um lado humano e vulnerável de seus generais, que até então eram vistos como semideuses. Há uma profundidade psicológica aqui que vai muito além do que normalmente encontramos em romances históricos tradicionais. E Renault faz isso com uma narrativa envolvente, que te prende desde o início.
Uma das grandes qualidades da obra é o ritmo da narrativa. Mary nos conduz por intrigas palacianas, batalhas épicas e traições pessoais com uma fluidez que torna o livro quase impossível de largar. Ela cria uma tensão crescente à medida que vemos o império de Alexandre se despedaçar e seus herdeiros lutarem para preservar o que sobrou. Além disso, o retrato que ela faz do período helenístico é tão vívido que você quase pode sentir a poeira do campo de batalha e o cheiro do óleo nas lâmpadas dos palácios.
Outro ponto alto de Jogos Funerários é a riqueza dos personagens. Renault não trata seus protagonistas como figuras míticas; ao contrário, ela humaniza cada um deles, mostrando suas fraquezas, desejos e dilemas internos. É fácil simpatizar com eles em alguns momentos e desprezá-los em outros. É uma característica marcante de Renault: mesmo quando escreve sobre gigantes da história, ela nunca perde de vista sua humanidade.
A importância de Mary Renault no mundo da ficção histórica é indiscutível. Ela não apenas recria o passado com detalhes impecáveis, mas também nos faz refletir sobre o presente. Em Jogos Funerários, vemos como a ausência de uma liderança firme pode gerar caos, algo que não é tão diferente das crises políticas que enfrentamos no mundo atual. Além disso, Renault foi uma das primeiras autoras a abordar questões de sexualidade e identidade em suas obras, especialmente no contexto da Grécia Antiga, o que a torna uma figura fundamental para a literatura contemporânea.
Então, galera, se você curte ficção histórica e está procurando uma narrativa rica em detalhes, personagens complexos e um enredo que te prende do início ao fim, Jogos Funerários é uma leitura obrigatória. Mary Renault mais uma vez prova que é uma das grandes mestras do gênero, trazendo não só uma história épica, mas também uma reflexão profunda sobre o que significa herdar e perder um império.