Organizadores: Umberto Eco & Milo Manara
Editora: Record
Páginas: 72
Ano de publicação: 2024
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Uma verdadeira obra de arte, a adaptação para história em quadrinhos de O nome da rosa utiliza diferentes estilos gráficos em busca da perfeição visual para tecer comentários sobre nosso tempo e sobre o passado, com suas maravilhas esculpidas em pedra e eternizadas em tinta. Cada estilo retrata uma dimensão do livro de Eco: as esculturas, os relevos dos portais e as maravilhosas e surreais iluminuras dos livros da biblioteca; o romance de formação de Adso, com a descoberta da sensualidade e da Mulher; e a história de vida dos dolcinianos, cujos valores de pobreza, não conformidade e dissidência são cruciais até hoje. É a Idade Média como nunca vista.O frade franciscano Guilherme de Baskerville chega, em 1327, acompanhado pelo noviço Adso de Melk, a uma abadia de monges beneditinos para investigar uma suspeita de heresia, mas tem seu trabalho interrompido por uma série de assassinatos misteriosos. Enquanto Guilherme investiga e se aproxima da perigosa verdade, seu jovem aprendiz descobre os segredos de um mundo obscuro e repleto de sensualidade.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O nome da rosa: Graphic Novel, lançado pela editora Record. O livro é de autoria de Umberto Eco & Milo Manara e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Bom, vamos lá! Pra aqueles que não conhecem essa obra-prima de Umberto Eco, vamos a uma breve ambientação: O livro segue o frade franciscano Guilherme de Baskerville e seu aprendiz Adso de Melk em uma abadia beneditina onde uma série de assassinatos misteriosos começa a ocorrer. À medida que os dois investigam, eles se deparam com segredos sombrios da igreja, heresias e um fascinante quebra-cabeça envolvendo a biblioteca da abadia, tudo isso no ano de 1327.
Sempre achei o material de Eco um tanto complexo. Já o estudei na faculdade e li alguns de seus trabalhos acadêmicos, por isso fiquei muito surpreso ao saber que um de seus títulos mais famosos tinha uma adaptação em quadrinhos! A grande sacada dessa adaptação gráfica, e o que realmente me impressionou, foi como Milo Manara conseguiu traduzir toda a complexidade do texto de Eco em imagens.
As diferentes camadas da trama — como os assassinatos, as tensões políticas e religiosas da Idade Média, e a própria jornada de descoberta de Adso — são retratadas com uma riqueza de detalhes que enche os olhos.
Isso porque Manara explora uma paleta visual que vai do grotesco ao sublime, em uma representação fiel do peso histórico e filosófico do romance, como vitrais de uma igreja. As cenas na abadia, com seus relevos góticos e as iluminuras dos livros, são deslumbrantes. A ambientação sombria da Idade Média ganha vida de uma forma que você sente o peso daquelas paredes de pedra, o mistério pairando no ar. E o contraste entre a seriedade do enredo de Guilherme e a descoberta sensual de Adso cria uma tensão visual e narrativa que só engrandece a obra.
Porém, não se engane: apesar de todo esse deleite visual, "O nome da rosa" em graphic novel não perde o que é essencial na obra de Eco. A investigação, a busca pelo conhecimento e a crítica às instituições religiosas permanecem intactas. Manara respeita a complexidade dos temas e traz um equilíbrio entre as cenas de ação e reflexão, o que torna essa adaptação não apenas acessível para novos leitores, mas também uma nova experiência para os fãs da obra original.
"O nome da rosa" sempre foi uma obra sobre livros e conhecimento, e nesta adaptação, os livros da biblioteca ganham uma vida própria. Eles não são apenas objetos de estudo, mas elementos fundamentais para os assassinatos e para o desvelar dos segredos. É quase como se a própria obra fosse uma grande homenagem ao poder das palavras, ao conhecimento escondido e, claro, à própria literatura.