RESENHA: INVISÍVEL

 

Organizadores:   Eloy Moreno 

Editora: Arqueiro 

Páginas: 304

Ano de publicação: 2024

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Através dos olhos de um adolescente, Invisível conta uma história que poderia ser a de qualquer um de nós. Mas que muitos preferem não ver.“E se essa não tiver sido a primeira vez que fiquei invisível? E se nos últimos dias, nas últimas semanas, eu tivesse ficado invisível várias outras vezes sem perceber?Isso explicava tudo: explicava o fato de ninguém nunca me ajudar, ninguém ver nada, ninguém fazer nada por mim...Claro, era porque eu estava invisível!Por isso, quando me batiam nos corredores, quando pegavam meu sanduíche no recreio ou quando me jogavam no chão, nenhum colega me ajudava, nenhum professor tomava uma atitude.Ninguém podia me ver!As pessoas não poderiam ser tão más, era impossível. Tinha que haver um motivo para que não vissem o que acontecia comigo.E ali, naquela tarde, quando finalmente entendi isso, fui feliz, muito feliz.”

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Invisível, lançado pela editora Arqueiro. O livro é de autoria de Eloy Moreno e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.  

Há livros que nos fazem refletir e enxergar o mundo sob uma nova perspectiva. Invisível, de Eloy Moreno, é um desses livros. Publicado originalmente na Espanha, o romance conquistou o mundo com sua narrativa e sua abordagem profunda sobre temas como bullying e exclusão, o mesmo efeito que "Extraordinário" teve há alguns anos. Fiquei curioso para saber se a história realmente era tudo isso, então me aventurei na história.

O enredo trás a perspectiva intercalada de diferentes personagens, cada um oferecendo sua visão sobre o evento central da trama: um caso de violência escolar que reverbera de maneiras inesperadas. O protagonista, cuja identidade permanece intencionalmente obscura por boa parte do livro, é alguém que poderia ser qualquer um.

O que me chamou a atenção em Invisível foi o tom quase íntimo que Moreno imprime em sua narrativa. A prosa simples, porém carregada de significado, nos aproxima dos personagens, como se estivéssemos lendo os pensamentos mais profundos deles. É impossível não se envolver emocionalmente com as dores e dilemas apresentados. Isso porque o livro propõe um diálogo sobre o impacto das nossas ações – ou da ausência delas – na vida dos outros.  

Outro ponto que merece destaque é a construção dos personagens secundários. Eles não são meros coadjuvantes, mas peças-chave para entendermos o contexto e as nuances das relações que sustentam a história. Cada um tem sua parcela de responsabilidade, mas também de humanidade, o que torna impossível categorizá-los como vilões ou heróis.  

Ao terminar a leitura, a sensação que ficou foi a de um nó na garganta – um misto de revolta, tristeza e, de certa forma, esperança. Moreno nos lembra que, embora não possamos mudar o passado, ainda há tempo para sermos mais atentos e compassivos. A mensagem de Invisível é clara: ignorar o sofrimento alheio é, também, uma forma de violência.  

Recomendo Invisível a todos que buscam uma leitura impactante e necessária, especialmente para quem deseja entender melhor as marcas que deixamos nas pessoas ao nosso redor. É um daqueles livros que ficam com você muito tempo depois de virar a última página, nos desafiando a sermos melhores – e a enxergarmos além da superfície.