Organizadores: Giselle Arruda
Editora: Flyve
Páginas: 177
Ano de publicação: 2024
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Magia, fantasia e feitiçaria, isso tudo é besteira. Pelo menos era o que Dolores achava. Só que ela não poderia estar mais errada. Havia uma profecia. Havia sete vidas. Havia várias vidas e havia uma Deusa. Mas vamos por partes. Quando Lore chega à casa de Apolinário – seu estranho e erudito tio distante, habitante de uma mansão rica e mal-assombrada – as coisas não poderiam ficar mais estranhas. Visões perturbadoras, pulseiras e chaves misteriosas, objetos falantes e um espiral no tempo surgem em seu caminho. Entre batalhas épicas, destinos incertos, saltos no tempo e relações voláteis, Dolores, com a ajuda de aliados inesperados, precisa desvendar todos os mistérios e lições das vidas concedidas para livrar seu mundo das terríveis consequências das garras da Imperatriz. Prepare-se para uma aventura épica onde o tempo é uma teia complexa e cada escolha pode mudar o destino de todos.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O passado do amanhã, lançado pela editora Flyve. O livro é de autoria de Giselle Arruda e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Aqui acompanhamos Dolores, ou melhor: Lore, uma protagonista inicialmente cética, cuja vida é transformada ao, saber carrega uma doença genética que lhe dá extrema disposição, viaja até a mansão de seu tio distante, Apolinário, em busca de uma cura. Lore nunca sequer ouvira falar de seu tio, um erudito que parece ser cercado de mistérios.
O que poderia ser uma simples visita familiar converte-se em uma jornada de descoberta sobre o seu passado e confronto com forças ancestrais, revelando uma profecia que a liga a sete vidas distintas e a um destino capaz de alterar o curso de seu mundo. Tudo começa com Lore escutando vozes estranhas vinda de... móveis da mansão? Além disso, a garota é introduzida a palavra Sankh.
Sankh são pessoas que tem a habilidade de transitar pelo tempo através de diferentes vidas, e Dolores acaba descobrindo que ser uma delas está conectado ao poder de uma deusa. Entretanto, controlar essa habilidade e até mesmo entender quem ela é (ou foi) pode ser mais complexo do que parece.
Uma leitura leve, extremamente divertida e com personagem apaixonantes. Esse é meu primeiro contato com a escrita de Giselle (e acredito que esse também seja seu primeiro livro), e é incrível ver como a autora tem controle de sua narrativa e de seus personagens. A leitura desse primeiro volume é eletrizante, isso porque nas primeiras vinte páginas nós já temos um panorama completo do plano de fundo e um propósito já se estabelece logo no começo do livro.
Não falarei muito sobre, mas Lore precisa ter acesso a algumas chaves para conseguir passar pelo primeiro conflito estabelecido, para isso, a menina precisará atravessar mares e conhecer (ou melhor, reencontrar) muitos personagens que nem sequer se lembra de já ter visto.
A autora propõe que passado, presente e futuro coexistem em um equilíbrio frágil, onde cada decisão de Dolores reverbera em múltiplas dimensões. Essa abordagem evita clichês ao substituir a linearidade por uma estrutura complexa, quase labiríntica, que me motivou muito a ler mais e mais. Foi quase impossível parar.
A construção de personagens é um dos pilares da obra. Dolores, ou Lore, destaca-se por sua evolução orgânica: sua transição de uma jovem pragmática para uma heroína consciente de seu papel profético é conduzida sem pressa, permitindo que suas dúvidas e falhas humanizem sua jornada. Asi, que vem como uma espécie de mentora a Lore mas guarda suas próprias intenções e ambições por camadas e camadas de complexidade.
Zarid, que no primeiro momento é meio irritante mas acabou se tornando um dos personagens mais fofos da história. E claro, a antagonista, a Imperatriz, emerge como uma força corruptora cuja ambição desmedida contrasta com a figura maternal da Deusa, entidade ligada à criação e à redenção.
Um dos aspectos mais impressionantes é a mitologia original construída pela autora. Longe de recorrer a criaturas ou magias estereotipadas, Arruda introduz um panteão próprio, regido por regras claras, mas repleto de ambiguidades. A profecia das sete vidas, por exemplo, é super interessante e dá ainda mais combustível a essa história. Mal posso esperar pelos próximos livros.