10 de abril de 2025

ENTREVISTA COM ALEXANDRE SEMEDO DE OLIVEIRA






Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista feita com Alexandre Semedo de Oliveira o autor de Entre a ponte e a água.

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1. O que o inspirou a escrever "Entre a ponte e a água"? 

O pontapé inicial da obra foram, na verdade, minhas meditações sobre a mais profunda divisão da alma humana: nós conhecemos o bem e desejamos fazê-lo, mas somos constantemente atraídos pelo mal. Eu desejava expressar essa divisão em forma de romance literário. No fundo, Jorge, o personagem principal, a experimenta em vários planos distintos de sua vida, o mais óbvio de todos representado em seu amor por Ayumi e seu fascínio quase doentio por Carla.

2) Há alguma experiência pessoal ou referência específica por trás da história de Jorge e da cidade de Cachoeirinhas? 

Acho que nenhum escritor consegue fugir de suas experiências pessoais ao criar personagens e enredos. Especialmente no núcleo do Luís, quase tudo o que acontece ali vem de memórias de minha época de faculdade. Mas não se trata apenas de pegar coisas que vi ou vivenciei e colocá-las no papel. Essas experiências funcionam, no mais das vezes, como ponto de partida. Elas são esticadas aqui, encolhidas ali, exageradas ou diminuídas acolá e, no final das contas, o produto final é bem diferente das experiências reais que experimentei.

3. A relação entre Jorge e Ayumi se desenvolve em meio ao mistério envolvendo Carla. Como você construiu essa dinâmica entre romance e suspense? 

Ayumi e Carla representam, em certa medida, a personificação da fratura da alma humana já mencionada. Uma é bela, meiga, dedicada; a outra é senhora de si, age como se não houvesse ninguém ao seu redor e preocupa-se apenas em viver intensamente tudo o que a vida oferece. Eu desejei que esse segundo personagem fosse como que um fantasma a assombrar Jorge, uma ilusão que se intromete em seu relacionamento com Ayumi e que não o deixa em paz.

4. A escrita criativa e o ato de escrever são temas importantes no livro, especialmente na jornada de Jorge. Como você enxerga o papel da literatura dentro da história e na vida dos personagens? 

Para Jorge, escrever um é não apenas a realização de um sonho, mas um ato que, no decorrer da romance, revela-se propriamente como redentor. É por meio dele que Jorge buscará juntar os cacos de sua vida e fechar feridas abertas desde há muito tempo. É uma metáfora do ato real de se compor um romance. Acho que todo escritor, ao escrever — salvo, evidentemente, aqueles que só têm em vista o mercado — deseja fechar algo que ainda está aberto dentro de si e exorcizar fantasmas que insistem em revolvê-lo por dentro.  

5. O personagem Chico tem um papel essencial na trama e traz uma grande reviravolta ao enredo. Como foi construir esse antagonismo e quais foram os desafios de desenvolver esse núcleo específico? 

Chico — jovem que tinha tudo para se desenvolver plenamente, mas que, por fraturas familiares, envolve-se no mundo das drogas até o consumo total de si mesmo — é uma dessas experiências pessoais que são esticadas, encolhidas, aumentadas e diminuídas. Na minha experiência de juiz, já vi vários “Chicos” passando diante de mim, muitos com um final trágico previsível desde o início. 
Por isso, quis começar o romance justamente com um erro judicial envolvendo a pessoa de Chico, erro esse que, travestido de falsa caridade, acabaria por mudar a vida de todos os outros personagens.

6. Além do suspense, o livro aborda questões como religião e o impacto do passado na vida dos personagens. 

Minha maior preocupação ao escrever é atingir a verossimilhança. Para mim, as situações, os personagens e os diálogos precisam ser verossímeis. Quero que o leitor veja refletido, no romance, algo do mundo que o cerca. E, no mundo real, aquele em que todos nós habitamos, a maior parte das pessoas é religiosa ou, ao menos, crê no sobrenatural. Excluir essa dimensão da vida é excluir a verossimilhança da narrativa, o mesmo valendo para os dramas pessoais que carregamos, alguns desde a infância.

Assim, conflitos envolvendo religião e dramas do passado são pontos frequentes em minha obra, pois são coisas frequentes no mundo real em que todos vivem.

7) O que você espera que os leitores levem dessa história após a leitura?
Em primeiro lugar, espero que a leitura seja agradável e envolvente. E, em segundo, que o livro leve o leitor a refletir precisamente sobre aquela divisão da alma humana e que reconheça em si mesmo algo desse drama. Em suma: que a narrativa represente, de um lado, o entretenimento que todos nós buscamos ao comprar um romance, e que, de outro, a oportunidade para ampliar o conhecimento do mundo que nos cerca e de nós mesmos.

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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