Organizadores: George Luiz
Editora: Romance
Páginas: 174
Ano de publicação: 2025
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O Brasil pode ser visto como uma tela de pintura que mistura vários estilos e cores. Somos um país que mescla o certo com o errado, o sagrado com o profano, criando uma nação única, que ainda busca sua identidade. Junto com o jovem Emanuel, iremos ter uma visão crua do cotidiano brasileiro, navegando em temas como o racismo, classismo e injustiças sociais, andando pelas ruas de uma cidade atingida pela corrupção e violência, triste realidade de boa parte dos brasileiros.É nesse palco de luzes e sombras, que essa ficção propõe ao seu leitor reflexões sobre a sua nação, onde alguns prestam honras a bandeira e outros estão dispostos a queimá-la. Combinando etnias, crenças, ideologias, culinárias e esperanças em uma massa verde e amarela, obtemos a terra da mistura.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Brasil: Terra da mistura, lançado pela editora Romance. O livro é de autoria de George Luiz e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
A proposta de Brasil, terra da mistura é direta, mas carrega em si um peso difícil de ignorar: olhar de frente para o país em que vivemos. George Luiz parte de uma premissa aparentemente simples — acompanhar o cotidiano de Emanuel, um jovem brasileiro lidando com estágio, faculdade, transporte público e as desventuras do sistema — mas é justamente na simplicidade do olhar que a força do livro se revela.
Aqui, não estamos diante de uma narrativa épica ou de grandes reviravoltas cinematográficas. O que George entrega é algo mais cru, mais próximo: um retrato — ou melhor, uma colagem — das contradições que compõem o Brasil em um livro que se assemelha a uma compilação de histórias, reflexões e digressões sobre o que é ser brasileiro.
Emanuel é, em muitos sentidos, a síntese do brasileiro médio: alguém que não escolheu o campo de batalha em que nasceu, mas que todos os dias precisa encontrar um jeito de seguir. Suas vivências, da relação carinhosa com Dona Carmen até os percalços dentro de uma prefeitura marcada pelo nepotismo, são corriqueiras — e funcionam bem no livro!
A escrita de George é ágil, bem-humorada e por vezes irônica — e é nesse jogo entre leveza e crítica que o livro acerta em cheio. Porque Brasil, terra da mistura denuncia e ao mesmo tempo aclama nossa cultura, seja através da culinária, da música, dos cheiros, dos sotaques e dos afetos — tudo isso pulsa nas entrelinhas da narrativa. A brasilidade, aqui é o centro da história.
E talvez esse seja o maior mérito do livro. Ao mesmo tempo em que fala sobre corrupção, racismo estrutural, violência urbana e desmandos políticos, ele também nos lembra do afeto como resistência. Da necessidade de se indignar, sim — mas também de se reconhecer nesse país mestiço, contraditório, calejado e, ainda assim, cheio de potencial.
"E quem por força arrancará nossa esperança?Quem por inveja apagará nosso sucesso?Quem por maldade acabará com nossa luta?Ou causará nossa morte por incompetência?Ou soltaremos nossa fúriaque estava presa pela ignorância?Ficaremos sempre calados?"