5 de agosto de 2025

RESENHA: ENTRE QUATRO PAREDES

 


Organizadores: Telma Lenzi
Editora: Labrador
Compre através deste link.

"O passado tem seu lugar: não pode ser esquecido, não deve invadir o presente nem impossibilitar o futuro.2020: o ano em que o mundo parou. O isolamento compulsório fechou portas, espalhou medo, afastou pessoas, desfez rotinas, impôs convivências impossíveis.O luto coletivo tornou difícil viver os lutos individuais. Entre perdas e descobertas, surgiram novas formas de cuidado, presença e sentido.Em Entre quatro paredes: diálogos do isolamento, Telma Lenzi compartilha, com delicadeza e lucidez, vivências e reflexões dos primeiros meses da pandemia — textos que atravessam o medo, a saudade, o afeto e a esperança. Mais do que um relato, este livro é um espaço de encontro com o que fomos e ainda somos. Um convite para lembrar, compreender e, quem sabe, transformar."

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Entre quatro paredes, lançado pela editora Labrador. O livro é de autoria de Telma Lenzi e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.


Durante os primeiros meses da pandemia, Telma começou a registrar suas reflexões em pequenos textos datados, quase como crônicas, sobre o que ela estava sentindo, observando e enfrentando no dia a dia. É a partir desses relatos que o livro se constrói: com um olhar que mistura o pessoal e o coletivo, ela convida nos convida a revisitar aquele tempo em que o mundo desacelerou de forma forçada.

O que encontrei aqui foi uma escrita direta, sensível e muito lúcida. Telma escreve como quem viveu, sentiu e pensou junto com todo mundo que, de repente, precisou lidar com o silêncio das ruas, com o tempo parado e com a incerteza constante. Ela fala sobre medo, saudade, adaptação, cansaço e também sobre afeto, comunidade e transformação.


No capítulo “Distanciamento social”, por exemplo, Telma fala sobre o susto inicial, a negação que muitos tiveram no começo e as decisões difíceis que precisou tomar, como interromper atendimentos presenciais e mandar a equipe da ONG para casa. São textos escritos no calor do momento, sem pretensão de serem resposta pra nada, mas que registram com muita clareza o caos e a confusão daqueles dias.

O panorama é vasto, já que Telma também aborda algo que muita gente viveu: a dificuldade de lidar com o tempo livre em excesso, algo que inicialmente parecia um privilégio, mas logo virou peso. A autora escreve: “Comer ou não. Dormir ou não. Exercitar ou não. Falar ou não falar com os outros.” Frases curtas que sintetizam bem aquele período em que a rotina deixou de fazer sentido.


Além disso, a autora também compartilha a experiência de reinventar datas simbólicas mesmo em isolamento. A maneira como ela propõe alternativas simples, como colocar o almoço na tela com a família ou adiar a comemoração, mostra uma sensibilidade que não está preocupada em apagar a tristeza, mas em lidar com ela do jeito possível.

Essa escrita direta e afetiva ganha ainda mais força quando a gente conhece quem é Telma Lenzi. Psicóloga e terapeuta, ela é fundadora da ONG ASSIM, uma entidade sem fins lucrativos que oferece terapia on-line para a população de baixa renda em Florianópolis. Também é professora e supervisora em Práticas Colaborativas e Dialógicas, além de cronista e autora de artigos científicos. Essa vivência se reflete nos textos do livro, que transitam entre o cotidiano, o emocional e o social com naturalidade.


O luto, o medo e o arrependimento que a pandemia trouxe à tona.... Tudo isso está exposto nesse livro! Além disso, eu achei muito importante a forma como Telma trás um olhar profundo sobre como as políticas públicas falharam em amenizar as perdas do COVID, principalmente por conta do governo vigente da época. 

 E, mesmo assim, ela escolhe encerrar o texto com um chamado ao cuidado e à empatia. Isso também aparece mais uma vez no fim do livro, no epílogo, onde ela escreve: “Quando uma causa é social, precisamos mudar todos juntos.”


Por fim, eu gostei muito desse livro pois ele funciona como um espaço de escuta, onde memórias recentes se organizam em palavras simples, mas carregadas de significado. Telma não tenta dar conta de tudo o que foi a pandemia, ela escolhe olhar para o que viveu, e, com isso, acaba tocando em algo comum a todos nós. A leitura me fez lembrar que ainda estamos processando aquele tempo, e que talvez olhar pra ele com mais calma seja um bom começo.





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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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