Organizadores: Micol Arianna Beltramini
Editora: Plataforma 21Compre através deste link.
Nenhum coração pode se curar sozinho, e o Heartbreak Hotel é o refúgio perfeito para acolher desilusões e alimentar esperanças. Mas ninguém pode se esconder para sempre ― quando chegar a hora de encarar a realidade, quem vai te ajudar a remendar seu coração?
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje a resenha é do quadrinho Heartbreak Hotel, publicado no Brasil pela Editora Plataforma 21. A obra é escrita por Micol Arianna Beltramini. A resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Desde que vi os primeiros trabalhos do Gudim no Instagram, confesso que fiquei fascinado pela forma como ele consegue condensar ironia, crítica social e os absurdos do cotidiano em uma imagem só. É tudo muito visual, com pouquíssimas palavras, mas com aquele soco. Quando descobri que existia um álbum completo com essa proposta, fiquei bem curioso pra saber se a fórmula funcionaria ao longo de um livro inteiro, e não só em postagens soltas.
Heartbreak Hotel é, de fato, um hotel para corações partidos. Só que não no sentido literal e muito menos romântico. Aqui, o amor é só um dos hóspedes. O que realmente dá check-in nessa obra são os desencontros, a solidão, o tédio e o absurdo da vida contemporânea.
O formato é curioso. Não há uma narrativa linear nem personagens fixos. A estrutura é composta por vinhetas visuais, cada uma com começo, meio e fim, e todas seguem a estética minimalista e sarcástica que é marca registrada do Gudim. E, olha, poucas palavras são tão bem usadas quanto as poucas que aparecem aqui.
Boa parte das páginas nem precisa de texto. A composição visual é pensada de forma tão engenhosa que a piada ou a crítica acontece naturalmente, num jogo de expectativa e quebra que funciona muito bem. É como se cada quadro fosse uma tirinha em looping. Você lê, dá risada, depois percebe o peso daquilo e ri de novo. A ordem pode variar.
O mais interessante é que, mesmo com esse estilo fragmentado, Heartbreak Hotel tem uma atmosfera muito coesa. Existe um fio condutor emocional, ainda que não seja explícito. A melancolia é silenciosa, mas constante. O humor é agridoce, quase sempre temperado com uma pitada de desespero moderno. Daquele tipo que a gente sente ao olhar a caixa de entrada cheia, o celular apitando ou o coração meio torto depois de um date ruim.
A leitura é rápida. Dá pra terminar em menos de uma hora. Mas o impacto dura muito mais que isso. Algumas páginas ficaram na minha cabeça por dias. Outras me fizeram rir na hora e esquecer no minuto seguinte. O que, de certa forma, também parece parte da proposta.
Heartbreak Hotel é um retrato visual e bem-humorado da vida no século XXI. Não é uma leitura tradicional e nem pretende ser. Mas é o tipo de livro que, se você deixar, vai te arrancar um sorriso torto e te fazer encarar umas verdades que nem sempre a gente quer ouvir.
Se você já se hospedou nesse hotel, metaforicamente falando, vai se identificar. E se ainda não se hospedou, talvez só não tenha percebido.

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