RESENHA: REVOLUCIONÁRIOS DA CRÍTICA

 

Organizadores: Terry Eagleton 

Editora: Unesp

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Um grupo de pensadores revolucionou a maneira como estudamos a literatura No início do século XX, a crítica literária tradicional se encontrava isolada da sociedade. Surgiu, então, uma nova geração, para a qual a crítica deveria ser uma ferramenta para diagnosticar os males sociais, participando ativamente dos debates mais candentes de sua época. Neste livro, Terry Eagleton nos convida a redescobrir estas vozes que transformaram a maneira como lemos e interpretamos a literatura. "Estimulante [...] é difícil imaginar um escritor mais capaz de retratar os combates e as afinidades da cultura literária do período entreguerras do que Terry Eagleton. [...] Seu respeito por esses pensadores, de cuja tradição ele talvez seja o último membro (ele foi aluno de Raymond Williams, o mais jovem do grupo de Cambridge), brilha com amor e gratidão nestas páginas.” – Kathryn Hughes, The Guardian.

Fala, galera do Porão Literário, tudo certo?

Hoje a resenha é de um livro que une literatura, teoria e história de forma brilhante: "Revolucionários da Crítica: Cinco críticos que mudaram o modo como lemos", escrito por Terry Eagleton e publicado pela Editora Unesp, com tradução de Fernando Santos.

Se você já se perguntou de onde veio esse nosso hábito de dissecar textos, caçar subtextos e ver metáforas onde ninguém mais vê, esse livro tem a resposta. Eagleton, que já é uma figura icônica nos estudos literários, apresenta aqui um verdadeiro panorama dos bastidores da crítica moderna, focando em cinco nomes que transformaram para sempre a forma como interpretamos literatura: T. S. Eliot, I. A. Richards, William Empson, F. R. Leavis e Raymond Williams.

O mais curioso é que todos eles, de alguma maneira, passaram pela Universidade de Cambridge, e é justamente nesse ponto que Eagleton constrói o fio condutor da obra onde o autor mergulha na atmosfera da crítica literária britânica do século XX e mostra como esses pensadores, cada um à sua maneira, ajudaram a moldar o que hoje chamamos de leitura crítica.

A leitura é densa, claro, mas nunca pedante. Eagleton escreve com ironia, com lucidez e, principalmente, com uma paixão perceptível pela matéria. O livro não trata os críticos como intocáveis, pelo contrário, Eagleton os confronta, expõe contradições, analisa seus preconceitos e, ainda assim, reconhece a grandeza de suas contribuições.

Cada capítulo é quase um ensaio individual, com direito a contextualização histórica, análise das obras e um olhar sempre atento para o impacto cultural e político que esses críticos carregavam. Eliot, por exemplo, não aparece aqui apenas como poeta, mas como um símbolo de um tempo e de uma visão de mundo. Já Raymond Williams é apresentado como um dos pioneiros dos estudos culturais, misturando literatura com política, mídia e sociedade de forma revolucionária.

"Revolucionários da Crítica" é leitura obrigatória pra quem respira teoria literária ou simplesmente quer entender melhor por que lemos da maneira que lemos. Mais do que uma introdução à crítica, é uma aula de pensamento crítico — e, cá entre nós, com a atual falta de nuance nos debates culturais, esse tipo de leitura vem em ótima hora.

No fim das contas, Eagleton entrega uma obra que não é só um resgate de nomes importantes, mas um lembrete da importância da crítica como ferramenta de transformação.