Organizadores: Sófocles
Editora: Zahar
Páginas: 104
Ano de publicação: 2025
Compre através deste link.
A tragédia grega Antígona , de Sófocles, retrata a luta obstinada de Antígona por sepultar seu irmão Polinices, desrespeitando a ordem de Creonte, rei do estado de Tebas, que o considera um traidor e, por isso, determina que ele não merece ser enterrado. Desobedecendo as leis e rasurando o lugar dominante dos homens no espaço público, Antígona representa uma poderosa afirmação da voz feminina na literatura ocidental, além de ser uma das personagens mais emblemáticas do teatro.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Antígona lançado pela editora Zahar. O livro é de autoria de Sófocles e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
A tragédia de Sófocles, escrita no século V a.C., não perdeu potência — e essa edição sabe muito bem disso. Desde a apresentação INCRÍVEL de Luiza Romão até a forma como o texto é conduzido ao longo da peça, sentimos que estamos diante de algo que atravessa o tempo com um olhar cortante, atual e, acima de tudo, necessário.
A peça gira em torno da recusa de Antígona em aceitar uma ordem injusta: Creonte, agora rei de Tebas, proíbe o enterro de Polinices, irmão da protagonista, por considerá-lo traidor da pátria.
Para Antígona, no entanto, negar esse sepultamento é ferir o mais básico dos laços humanos — o respeito aos mortos e aos rituais fúnebres. A jovem escolhe desafiar a autoridade em nome de algo maior: a dignidade.
E é aí que Antígona se agiganta. Porque o que parece, à primeira vista, uma tragédia da Grécia Antiga, se revela como um grito que ecoa nas esquinas de muitas realidades do presente. Quando pensamos nas vítimas da violência de Estado, nas famílias que ainda hoje não puderam enterrar seus mortos, ou nas mulheres que resistem mesmo diante da brutalidade, Antígona deixa de ser personagem e vira símbolo.
A tradução e a edição respeitam a força dramática do original sem perder a clareza, algo essencial para leitores que chegam agora à obra. Os comentários do coro, os avisos proféticos de Tirésias, a hesitação de Ismene e, claro, a rigidez impiedosa de Creonte, tudo constrói uma atmosfera densa, onde os conflitos políticos e morais são expostos sem disfarces.
A peça não se esquiva das contradições: Antígona não é uma heroína isenta, tampouco Creonte é um vilão unidimensional. O embate entre os dois é tão ético quanto humano.
E o que Luiza Romão faz na introdução é de reabrir a ferida em fazer da tragédia uma espécie de espelho, nos obrigando a pensar nas vozes silenciadas e nos corpos apagados que hoje ainda esperam justiça. Como ela mesma pontua, Antígona não age por fúria, mas por amor. E isso dá ao seu ato de resistência uma carga emocional brutal.




















.png)
.png)

