Organizadores: Judith Butler
Editora: Unesp
Páginas: 452
Ano de publicação: 2024
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Este livro chega ao Brasil em um momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Desfazendo gênero, lançado pela editora UNESP. O livro é de autoria de Judith Butler e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Judith Butler, filósofa e teórica reconhecida mundialmente, já havia marcado profundamente os estudos de gênero com obras como Problemas de Gênero e Corpos que Importam. Em Desfazendo gênero, ela dá continuidade a esse percurso intelectual, mas com uma diferença importante: aqui, seu foco é muito mais voltado para as questões práticas, políticas e sociais que estavam no centro dos debates no momento da escrita; e que, de forma inquietante, permanecem extremamente atuais.
Butler propõe “desfazer” o gênero como categoria fixa e normativa, mostrando como ele não deve ser o único ponto de análise para entender as experiências das pessoas dissidentes. A autora articula suas reflexões em torno de temas como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o acesso à saúde por pessoas trans, a parentalidade queer e a necessidade de repensarmos os laços familiares para além dos moldes heteronormativos.
O livro ganha força justamente por essa postura mais direta, que se aproxima dos embates concretos que marcam a vida de mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans em contextos de crescente violência e exclusão. Butler mostra como normas de gênero atuam de forma violenta, mas também como podem ser resistidas e ressignificadas a partir da vivência e da luta política.
Apesar da densidade teórica característica de sua escrita, Desfazendo gênero pode ser considerado mais acessível que seus trabalhos anteriores. Isso porque, em vez de se deter longamente em questões ontológicas ou terminológicas, Butler traz exemplos, situações e discussões que tocam diretamente o cotidiano e a política contemporânea. É um texto que exige atenção, mas que abre espaço para uma leitura engajada, capaz de gerar não apenas reflexão, mas também ação.
É importante destacar que essa obra chegou ao Brasil em um momento particularmente relevante, quando os índices de violência contra pessoas LGBTQIA+ e contra mulheres atingiam níveis alarmantes. Nesse sentido, o livro não é apenas teoria: é também um convite à resistência e à reimaginação de formas mais inclusivas de viver e conviver.
Em resumo, Desfazendo gênero é uma obra indispensável não apenas para pesquisadores, mas para todos que buscam compreender as estruturas de poder que regulam nossas vidas e pensar em modos alternativos de existência. Judith Butler reafirma sua posição como uma das pensadoras mais importantes do nosso tempo, e este livro, em especial, funciona como uma ponte entre sua teoria e os desafios concretos do presente.


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