25 de novembro de 2025

RESENHA: SHOGUN



Organizadores: James Clavell
Editora: JBC
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Shōgun é o clássico livro de James Clavell que deu origem à premiada série do Disney+.O Japão feudal do século XVII, uma terra até então desconhecida pelo Ocidente, é palco de um intenso choque de culturas e de uma sangrenta batalha pelo poder. A trama apresenta Toranaga, um dos chefes das cinco famílias que passam a disputar o poder supremo do Japão após a morte do então regente do país. Estrategista e voraz, ele está disposto a tudo para se tornar o novo Shōgun. Em meio a essa disputa, chega à costa japonesa o inglês John Blackthorne. Nessa terra onde a linha entre a vida e a morte é tênue como o fio de uma navalha, ele se torna peça-chave nos planos de Toranaga. Blackthorne é obrigado a lutar pela sua vida ao mesmo tempo que tem seu caráter testado por uma paixão proibida. Poderoso e cativante, Shōgun captura tanto o esplendor quanto a crua realidade da vida no Japão feudal. História completa em uma edição integral com 1120 páginas.


Fala, galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje eu trouxe para vocês uma resenha de um calhamaço que sempre me intimidou e que, para minha surpresa, acabou sendo uma das leituras mais envolventes que fiz nos últimos meses. Estou falando de Shōgun, de James Clavell, publicado pela JBC. A resenha é escrita por mim, Leonardo Santos.

A trama começa em meio ao caos. John Blackthorne, piloto inglês de uma expedição holandesa, é arremessado pelo mar até o Japão do século XVII, um lugar tão fascinante quanto letal para qualquer estrangeiro. A tripulação está devastada, a fome passou de todos os limites e o navio foi praticamente engolido pela tempestade. Só ao pisar em terra firme Blackthorne entende que o pior ainda pode acontecer. Ali, ele não é apenas um náufrago: é um herege, um intruso dentro de um cenário político feroz, onde a lealdade muda com rapidez e qualquer erro pode custar a cabeça.

O que mais me prendeu logo de início foi a sensação de estranhamento. Clavell não suaviza nada, ele joga o leitor no mesmo estado de confusão do protagonista, sem explicações fáceis. O Japão que Blackthorne encontra é meticuloso, ritualístico, rígido até o último detalhe e extremamente hostil para alguém como ele. Cada gesto mal calculado vira ameaça, cada palavra dita fora de hora vira risco. E Blackthorne, acostumado à lógica bruta do mar e da guerra europeia, precisa aprender outra linguagem: a do silêncio, da cautela e da observação precisa, tão moldada pela cultura samurai.

Shōgun foi um daqueles livros que me engoliram aos poucos. Clavell tem uma habilidade impressionante de criar tensão a partir do cotidiano. Um jantar, uma troca de olhares, um banho público, tudo vira terreno para disputa de poder. Quanto mais Blackthorne tenta compreender aquele mundo, mais percebe que está preso a uma rede política que não controla. A presença dos jesuítas aprofunda ainda mais os conflitos, já que o livro evidencia disputas religiosas, comerciais e militares entre europeus que se estendem até o território japonês. É curioso ver como cada facção estrangeira enxerga o Japão como uma joia rara a ser conquistada.

E é nessa confusão que acompanhamos a transformação do protagonista. Blackthorne começa como um homem orgulhoso, duro e convencido de sua própria visão de mundo, mas aos poucos se adapta às regras daquele território, percebendo que força nem sempre resolve tudo, que silêncio pode ser arma e que respeito precisa ser conquistado com resiliência. A trajetória dele é uma das partes mais satisfatórias do livro.

O que mais me encantou foi o contraste entre brutalidade e delicadeza. A mesma cultura que trata a morte como forma legítima de honra também valoriza jardins impecáveis, rituais precisos e uma estética minuciosa. Essa contradição está presente o tempo todo, e Clavell explora isso com naturalidade.

Apesar do tamanho, Shōgun nunca me pareceu arrastar. Clavell constrói ritmo, densidade e uma noção espacial tão vividap que eu conseguia sentir o cheiro da madeira, ouvir o mar batendo no casco e imaginar o olhar calculado dos samurais analisando cada movimento de Blackthorne. Essa imersão é rara e muito recompensadora.

Fechei o livro com a sensação de ter viajado dentro de um sistema inteiro de valores, crenças e tensões que continuam ecoando mesmo depois da última página. Shōgun é um épico em todos os sentidos, imponente e generoso com quem decide se aventurar.

Se você gosta de histórias densas, conflitos políticos, choques culturais e personagens que precisam se reinventar para sobreviver, vale demais mergulhar nessa leitura.


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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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