RESENHA: O CLARO E O CREPÚSCULO

 

Organizadores: Marjorry Alves 

Editora: Independente

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“Klar Dämmerung é uma pianista prodígio marcada por um trauma explicável: sua morte por alguns segundos. Em busca de refúgio, ela se muda para Praga, para a casa dos primos, tentando recomeçar em silêncio. Mas nada permanece silencioso por muito tempo. Presenças misteriosas começam a cercá-la, sonhos vívidos perturbam suas noites e sinais do invisível invadem a realidade.Há algo dentro dela — algo antigo, esquecido e poderoso — que desperta pouco a pouco. E ao conhecer um homem enigmático em um café da cidade, Klar é lançada em uma espiral de segredos, símbolos e memórias que não parecem ser apenas suas.O Claro e o Crepúsculo é uma fantasia romântica de atmosfera gótica e poética, que mergulha o leitor em uma jornada sensorial entre luz e sombra, vida e morte, céu e abismo. Uma história sobre reencarnação, esquecimento e o que acontece quando o divino se assemelha tanto ao mundano que se esquece de quem realmente é.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O Claro e o Crepúsculo, escrito por Marjorry Alves. A resenha foi escrita por Leonardo Santos.

A história começa em um hospital, com Klar Dämmerung, uma pianista prodígio, à beira da morte após uma tentativa de tirar a própria vida. Enquanto seu corpo luta para sobreviver, presenças celestiais observam aquele momento decisivo. Entre elas estão Uriel, o Anjo da Morte, e Ava Anael, uma serafim compassiva, que passam a questionar o que torna aquela alma tão antiga, tão poderosa e, ao mesmo tempo, tão frágil. O que poderia ser apenas um drama pessoal logo se revela algo muito maior.

Após sobreviver, Klar passa a existir em um estado liminar, como se sua alma tivesse ficado presa entre dois mundos. Em busca de recomeço, ela se muda para Praga, para morar com os primos, tentando reconstruir sua vida em silêncio. Mas esse silêncio não dura muito. Vozes, sonhos vívidos e sinais do invisível começam a se manifestar, e a narrativa se aprofunda em um universo espiritual onde anjos, demônios e entidades bíblicas atuam de forma ativa, política e nada idealizada.

O que mais me chamou atenção aqui é como a autora trabalha a ideia de bem e mal. Nada é rígido e muito menos absoluto. Luz e escuridão coexistem dentro das mesmas figuras, sejam humanas ou divinas. Klar não é uma protagonista passiva, nem colocada como mártir. Ela é intensa, cheia de falhas, marcada por escolhas difíceis e por uma sensibilidade que parece grande demais para o mundo em que vive.

Os anjos também fogem completamente daquela imagem perfeita e intocável. Eles carregam memórias, culpas e conflitos internos e ocupam boa parte da narrativa, com capítulos voltados unicamente para esse núcleo. Uriel, em especial, é um personagem que se destaca bastante: poético, sombrio, quebrado por dentro, mas ainda profundamente ligado à luz. Essa humanização das figuras celestiais dá muita força à narrativa e torna tudo mais crível e interessante!

Apesar de não ser um livro longo, a escrita da Marjorry é densa, cheia de metáforas e camadas. Ela brinca com o tempo, com o espaço e com as próprias leis celestiais sem perder a fluidez. O livro fala de amor, mas também fala de vazio, de culpa, de escolhas erradas e das consequências que elas deixam para trás.

Para quem gosta de fantasias com uma pegada espiritual, simbólica e emocionalmente intensa, fica a recomendação. Eu terminei querendo mais e pensando bastante sobre tudo que li.