6 de maio de 2020

RESENHA: PÁTRIA


Pátria
PÁTRIA
Autor(a): Fernando Aramburu
Editora: Intrínseca

Páginas: 512
Ano de publicação: 2018
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Bittori e Miren eram muito amigas, pensaram até em entrar juntas para o convento. Os anos se passaram, as duas casaram, vieram os filhos, mas a amizade só se intensificou. Foi preciso uma força descomunal para colocar uma contra a outra: o terrorismo praticado pelo ETA. Quando o marido de Bittori é marcado para morrer, a tensão se espalha pela pequena vila basca e Miren é levada a se radicalizar ao ver um dos filhos entrando para o grupo separatista. Tudo pareceu de certa forma resolvido depois que Bittori foi obrigada a deixar seu lar às pressas em virtude do assassinato do marido. Por isso, quando o ETA anuncia o fim da luta armada, anos depois, ela resolve voltar à vila para um acerto de contas com o passado. Ignorando as advertências dos filhos, está disposta a descobrir os pormenores do crime que a deixou viúva e dar uma resposta à própria condenação como pária.
Numa narrativa ágil, Fernando Aramburu explora as marcas do luto dos familiares das vítimas e do sofrimento dos militantes manipulados, perseguidos e presos. Numa história sem mocinhos nem vilões, o autor revela o quão difícil é superar um trauma tão arraigado, como às vezes esquecer é impossível, e como o perdão e a reconciliação são essenciais para curar uma comunidade dividida pelo fanatismo e pela violência política.

Fala galera do Porão Literário, vocês estão bem? Minha última leitura foi do livro Pátria, o livro foi lançamento da Intrínseca a alguns meses atrás e também fez parte do clube Intrínsecos! Pois bem, o livro foi escrito por Fernando Aramburu e foi traduzido por Ari Roitman e Paulina Wacht


Na fronteira entre França e Espanha existe um pequeno território chamado País de Basco. Essa região já entrou em conflito com os países vizinhos muitas vezes por conta de seu território e cultura que divergem dos vizinhos, até pelo idioma falado por eles! Para vocês terem ideia, a língua falada em Basco (euskara), de nada lembra o castelhano ou o francês!  

Buscando independência da Espanha e da França, no século XX grandes movimentos separatistas emergem no pequeno país, entre eles um cresce a medida em que os anos vão se passando, intitulado ETA, Euskadi Ta Askatasuna (ou então Pátria Basca e Liberdade). O movimento, criado em 1959, logo tornou-se extremista, praticando atos de terrorismo e ultranacionalismo. 


Esse contexto histórico é necessário para entender Pátria, a narrativa de Fernando Aramburu pode ser simples de ser lida, entretanto não é simplista. O enredo narra a vida de duas famílias, ambas guiadas por matriarcas fortes. Bittori e Miren costumavam ser amigas e confidentes, quando mais jovens entretanto um acontecimento torna essa amizade no mais puro ódio. Agora inimigas, ambas possuem extrema influência em suas famílias, e é pelos olhos dessas duas famílias rivais que conhecemos a política e o território de Basco. 

Pode parecer meio confuso, mas garanto que a leitura de Pátria se desenrola de uma maneira fácil, o autor tem grande poder sobre a sua narrativa e por isso os acontecimentos fluem de uma forma natural,  a escolha de capítulos curtos de cinco /seis páginas para um livro relativamente grande (com cerca de 500 páginas) foi um grande acerto, pois assim os acontecimentos se desenrolam mais facilmente. 

Um outro ponto que, no começo, me confundiu um pouco foi a inserção de vários personagens. Pátria é narrado por diversos personagens, todos das famílias de Bittori e Miren. Saber quem era filho de quem ou quem era de qual família foi um problema para mim no começo, mas vi uma ótima dica no canal do YouTube "Ler Antes de Morrer", onde a Isabela criou uma pequena árvore genealógica dos personagens, fiz isso também e me AJUDOU MUITO pra decorar a filiação de cada um deles. 

As relações humanas, pra mim, são o ponto alto deste livro. A forma como Fernando Aramburu descreve os acontecimentos históricos através de tantos olhos diferentes me deixou muito interessado em entender o que aquela região tão disputada passou durante o século passado. Elementos como a luta entre os ideais diferentes fica cristalino, assim como fatores como a violência e também o preconceito. 


Livros que exploram uma cultura nova são sempre bem-vindos na minha prateleiras, livros como Pátria que evocam isso com tanta exatidão e riqueza realmente merecem um lugar de destaque, agora pude entender o porquê este livro foi tão comentado quando foi lançado no Intrínsecos, clube de assinatura da Intrínseca! 

Mais do que recomendo, acho na verdade NECESSÁRIA a leitura desse livro. Por mais que retrate uma cultura diferente da nossa, os sentimento que as move não se diferencia do nosso. Inclusive, para quem leu e gostou, a HBO produziu uma mini-série inspirada neste magnífico livro! Fica aí a dica. 

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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