RESENHA: MALORIE

MALORIE
Autor(a): Josh Malerman
Editora: Intrínseca

Páginas: 288

Ano de publicação: 2020

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Doze anos se passaram desde que Malorie e os filhos atravessaram o rio com vendas no rosto, mas tapar os olhos ainda é uma regra que não podem deixar de seguir. Eles sabem que apenas um vislumbre das criaturas pode levar pessoas comuns a uma violência indescritível.
Ainda não há explicação. Nenhuma solução.
Tudo o que Malorie pode fazer é sobreviver... e transmitir aos filhos sua determinação. Não se descuidem, diz a eles. Fiquem vendados. E NÃO ABRAM OS OLHOS.
Quando eles tomam conhecimento de uma notícia que parecia impossível, Malorie se permite ter esperança pela primeira vez desde o início do surto. Há sobreviventes. Pessoas que ela considerava mortas, mas que talvez estejam vivas.
Junto dessa informação, porém, ela acaba descobrindo coisas aterrorizantes: em lugares não tão distantes, alguns afirmam ter capturado as criaturas e feito experimentos. Invenções monstruosas e ideias extremamente perigosas. Além disso, circulam rumores de que as próprias criaturas se transformaram em algo ainda mais assustador.
Malorie agora precisa fazer uma escolha angustiante: viver de acordo com as regras de sobrevivência que funcionaram tão bem até então, ou se aventurar na escuridão e buscar a esperança mais uma vez.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Malorie,  lançado pela editora Intrínseca. O livro é de autoria de Josh Malerman com tradução de Alexandre Raposo.


Mesmo doze anos depois nada parece ter mudado para Malorie. Com exceção de seus filhos, que agora já são adolescentes, o planeta ainda sofre com as criaturas mortais que assolaram grande parte da população. O motivo do ataque? Como as criaturas surgiram? Como elas afetam aqueles que olham pra ela? Malorie ainda não tem as respostas que todos anseiam, mas uma coisa é certa: Ela e seus filhos precisam ficar vendados durante TODO O TEMPO quando estão fora da cabana. 

Cabana essa que virou o novo lar dos três, após a ruína da Escola para Cegos (destino até então seguro), Malorie parece ter ficado ainda mais cautelosa e dura com seus filhos, dizendo que essa proteção extrema é apenas para a sobrevivência de Tom e Olympia. No entanto, Malorie recebe uma notícia que a abala completamente. 

Para saber se essa notícia é verídica, Malorie irá precisar fazer uma viagem com seus dois filhos... Uma viagem de 50 quilômetros completamente às cegas. 

Pra início de conversa, eu não sabia o que esperar com esse novo livro do Josh Malerman, assim que ele foi anunciado em não pude de pensar que essa era uma continuação movida pelo dinheiro e pelo grande sucesso que foi Caixa de Pássaros... Não vejo mal nisso, contanto que o autor ainda tenha material suficiente para construir uma continuação que seja interessante e que realmente contribua com alguma coisa. 



Bom, conteúdo para aprofundar com certeza o autor tinha, então por isso acabei me interessando pelo Malorie. Enfim, linha leitura foi MUITO rápida, tanto é que li em algumas horas! O mérito do autor (e da tradução) realmente precisa ser notado aqui: isso porque a leitura flui muito bem, seja pela diagramação como também pela forma como Josh vai tecendo o suspende no decorrer das páginas, tanto é que você fica se perguntando durante toda a leitura: Será que eles vão conseguir? 

Enfim, dito isso é perceptível que Josh Malerman utiliza dos mesmos artifícios que fizeram de Caixa de Pássaros um grande sucesso, os personagens são jogados em uma jornada às cegas (assim como no primeiro), muitos tentam descobrir o que aquelas criaturas são e como atacam (assim como no primeiro), assim como a utilização da agonia, paranoia e construção de um horror psicológico... Não que isso seja ruim, Malerman viu que a receita deu certo e os utilizou novamente. 

A diferença é na forma como esses ingredientes foram misturados, desta vez pelo menos temos algumas respostas! A maioria é nos dada através dos filhos de Malorie, nascidos e criados em um mundo pós-apocalíptico, é bem interessante ver como é a perspectiva deles de mundo já que foram privados de viver em sociedade. 

O grande problema desse livro pra mim foi a construção de seu final, por mais que algumas respostas sejam dadas durante o livro (de forma beeem fragmentada), achei o final preguiçoso. Minha impressão foi de que Josh não queria escrever um livro muito longo (para ser mais comercial) e conforme foi chegando na página 250 ele decidiu terminar a história em 30 páginas sendo que a narrativa estava em seu ápice. 

Sério, fiquei bem triste com isso, pra mim o núcleo da história do terceiro ato do livro poderia ser o principal, se Josh focasse NESTE ponto ao invés da jornada de Malorie e seus filhos (que já vimos no livro anterior) esse livro poderia ter sido incrível, mas enfim... Preciso dizer também que a "solução" dada no final do livro pra um certo conflito foi bem tosco, fiquei pensando "nossa, em mais de quinze anos COMO ninguém pensou nisso  antes?" 

Uma adaptação vem aí, espero que eles foquem mais na cidade de Indian River e apresse as mais de cem páginas de jornada da Malorie.