Autor(a): Alan Santiago
Editora: Luva Editora
Páginas: 194
Ano de publicação: 2019
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É Natal em Brasília. Como em qualquer grande cidade, várias pessoas se vestem de Papai Noel, contudo, para Britto, essa fantasia tem outro significado… dar vazão a sua perversão. Porém, nem mesmo ele poderia esperar fazer parte de uma trama muito maior, sendo um mero peão, manipulado por um homem ainda mais cruel e inteligente. Mas nada que o Bom Velhinho não pudesse acrescentar em sua lista de presentes.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Bom velhinho lançado pela Luva Editora. O livro é de autoria de Alan Santiago a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Estamos em final de Outubro de 2012 em Brasília, e é nesse cenário que conhecemos Britto, um homem assombrado por diversos fantasmas que tenta viver sua vida, e para isso conta com a ajuda de seu psicoterapeuta chamado Maynard, uma figura pragmática que, entre uma sessão e outra com Britto, acaba revelando que compartilha que ambos possuem muito em comum.
Pra começar, ambos estão cansados daquela sociedade moderna, talvez mais que cansado - enojados, e precisam tomar alguma atitude contra o mundo pecaminhoso e impuro do qual vivem. Britto sabe que naquele mundo - e até mesmo em sua própria vizinhança - existem pessoas malvadas, que merecem pagar pelos seus atos, mas em um mundo onde a política, aos seus olhos, não faz nada, quem iria atribuir a justiça a eles?
Nisso, uma oportunidade perfeita surge: Britto é contratado para trabalhar como papai noel, e motivado pelo seu terapeuta, o homem começa a praticar sua visão de justiça com as próprias mãos. A medida em que sua violência é espalhada pelo distrito federal, um pânico se cria nas manchetes de jornal, afinal existe um assassino cruel vestindo roupa de papai noel e matando as pessoas de modo extremamente gráfico e violento.
Mas até que ponto Britto e seu psicoterapeuta, Maynard, irão conseguir manter essa relação instável sem se virar um contra o outro?
Doentio. Não há outra forma de descrever os personagens dessa história macabra de Alan Santiago. Sabe aquele livro que você lê com o estômago revirando em diversas partes? Pois bem, "Bom Velhinho" é um deles, e acredito que esse seja um ponto positivo bem marcante do enredo.
Isso porque o livro se propõe a ser isso: Macabra. Mas Santiago vai além do terror pelo terror e atribuí aos seus personagens uma série de críticas bem interessantes de serem feitas, como o fanatismo religioso, a misoginia, o preconceito e a ignorância podem facilmente passar de violências mentais para físicas.
É difícil gostar de qualquer personagem dessa história, pois ela é crua e extremamente ácida, mas é impossível não admirar o trabalho do autor em evocar esses elementos de uma forma responsável, nos fazendo ver como o comportamento instável de Britto (e incentivado por Maynard) chega a um clímax fatal e bem sanguinário.
O poder da manipulação aqui é evidente, e o final dessa história condiz com toda a tensão que foi estabelecida nas duzentas páginas da brutal existência (traumática) desse protagonista. A leitura, por mais que seja intensa, é fluída! Não indico esse livro a quem tem um estômago fraco, mas aqueles que já estão acostumados com um horror podem mergulhar fundo nesse conto de natal macabro!