HORROR NOIRE - A REPRESENTAÇÃO NEGRA NO CINEMA DE TERROR
Autor(a): Robin R. Means Coleman
Editora: Darkside Books
Páginas: 464
Ano de publicação: 2020
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Após ter suas crenças esmagadas e perceber que tudo que conhecia como verdade era uma mentira, Carolina terá que se adaptar à uma nova vida enquanto Tom e Douglas tem que conviver com sua ausência e se prepararem para se posicionar em relação à Andrea. Nesse caminho, o que Francis fará? Vai continuar procurando poder ou vai ser mais consciente? Será que Carolina vai conseguir se transformar e controlar seu temperamento nesse novo mundo ou será que mais uma vez ela vai se meter em confusão? Embora a superfície seja melhor que o subterrâneo, ela tem seus segredos e sabemos que nossa protagonista tem uma opinião e posicionamento forte em relação a possíveis injustiças. Além disso Carolina fará amizade com uma garota cheia de segredos o que pode apimentar essa relação e a sua nova vida. Descubra como o subterrâneo e a superfície vão ficar agora que tudo mudou (ou não?) e até onde Andrea é capaz de ir para conseguir atingir seus objetivos.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Horror Noire lançado pela Darkside Books. O livro é de autoria de Robin R. Means Coleman e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Qual a nossa expectativa quando procuramos um filme de terror para assistir? Levar um bom susto com uma cena jump scare, ficar amedrontado com alguma aparição ou personagem maluco ou ser surpreendido com um enredo inesperado e chocante! Sim, essas podem ser algumas das expectativas que criamos ao assistir um filme de terror, e olha, estamos cheios de filmes que completam todos esses quesitos! Mas, por um acaso, já paramos pra pensar na representatividade que temos nesses mesmos filmes?
Geralmente não é algo que passa na cabeça de muitos, afinal foi criado uma normatividade a respeito de protagonistas brancos em filmes de quaisquer gêneros, o terror por si só serve como prova disso, é só olharmos pros principais longas deste gênero tão famoso no decorrer das décadas do século passado, e porque não, nos últimos anos também? O resultado assusta mais do que qualquer demônio ou aparição.
É aí que entra o trabalho da ilustre Robin R. Means Coleman, professora na Universidade de Michigan. Robin iniciou então uma pesquisa da representação de negros no cinema, mais especificamente no gênero que tanto amamos: o horror. Sua pesquisa é minuciosa e trás dados extremamente relevantes sobre a questão racial que Hollywood tanto finge não existir. Seu método de pesquisa é dado por décadas, explorando desde a origem de negros e negras em papéis de destaque na grande telona.
A luta foi (e ainda é) constante! Por mais que eu já soubesse deste racismo cometido, eu não imaginava sua proporção, mas tudo se trata na arte de observar bem: (principalmente nos filmes mais antigos), nos longas, quando o negro ocupa um lugar de poder? Seus papéis costumam ser de funções de serventia, o que nos remete a conceitos históricos extremamente macabros. Tal questão é abordada por S. Torriano Berry um dos cineastras que compõem para a obra através de uma introdução.
“Ver um personagem negro arregalar os olhos e empalidecer ao se deparar com um fantasma não teria sido tão ruim se o seu papel seguinte ou anterior tivesse sido como um médico, advogado ou empresário de sucesso. No entanto, os filmes hollywoodianos relegavam aos negros os personagens subservientes, como mordomos, empregadas e motoristas”
A fala do professor me deixou extremamente indignado mediante àquilo que nós já conhecemos, mas passamos a ignorar por considerar "comum", e o mais interessante de tudo isso é o poder que o conteúdo deste livro dá para que possamos abrir diálogos e debates a respeito dessa representatividade no cinema.
Tais conceitos começaram a seri dialogados, um dos grandes precursores modernos deste tema é o diretor/roteirista Jordan Peele, responsável por nos trazer os impactantes Corra! e Nós. Ambos os filmes trazem o melhor do thriller, amarrado a um enredo extremamente inteligente e perturbador, e olha só, são ambos protagonizados por negros. Além de sucesso de bilheteria, ambos são muito aclamados pela crítica especializada, fazendo vários comentários de racismo velado caírem por terra.
Dito isso, tive uma experiência de leitura muito interessante, a pesquisa da autora se dá de forma cronológica, nos mostrando desde os primórdios do cinema como a questão racial era tratada. O embasamento da autora é fenomenal, dá pra ver o quanto ela pesquisou sobre o tema! Em diversos momentos da leitura fiquei indignado e surpreendido com algumas informações apresentadas, pois parece ser enredo de um filme de terror (quando na verdade é o que rola por trás de um).
Horror Noire se tornou uma das minhas leituras mais intensas do ano, àquela que atribuiu a mim retórica e fúria para se falar sobre o horror que ronda as produções da sétima arte ao redor do mundo. É importante debatermos e prestigiarmos o conteúdo deste livro na intenção de se fazer deste conhecimento o mais popular possível!
Preciso então reforçar a enaltecer o trabalho da Darkside por trazer esse material pra gente com uma incrível diagramação! Além de possuir um corte colorido e capa dura, as artes que compõem esse livro são um talento a parte, as últimas páginas são dedicadas a uma galera incrível com diversos pôsteres dos filmes tratados na parte escrita. Além disso o Horror Noire vem com uma série de post pôsteres incríveis! Vale muito apena adquirir. <3