Nessa história nós conhecemos Jeremy Harkiss, um jovem capitão de torcida e presidente do grêmio estudantil. Determinado a não permitir que sua identidade como garoto trans arruíne seu último ano na escola, Jeremy decide enfrentar de frente a transfobia presente em seu ambiente escolar conservador. Em vez de se esconder, ele escolhe fazer barulho e chamar a atenção de todos ao desafiar seu popular ex-namorado, Lukas, pelo cobiçado título de Rei do Homecoming, o evento mais importante do colégio.
Enquanto Jeremy luta pela sua representatividade e pelo direito de ser quem é, Lukas Rivers, um astro do futebol americano e líder do comitê do Homecoming, está passando por um momento turbulento em sua vida. Após a trágica perda de seu irmão mais velho e o término de seu relacionamento de longa data, Lukas precisa enfrentar um desmoronamento emocional em sua família. Com Jeremy ameaçando partir novamente seu coração e roubar a coroa no evento tão esperado, Lukas inicia um plano para sabotar a campanha do ex-namorado.
A rivalidade entre eles vai além dos limites, colocando em jogo não apenas suas reputações, mas também questões mais profundas. Enquanto lutam por suas próprias jornadas de autodescoberta e aceitação, Jeremy e Lukas precisam encarar não apenas as adversidades externas, mas também suas próprias inseguranças e medos.
"Que vença o melhor" é um livro que me deixou dividida. Por um lado, a premissa é interessante, explorando a jornada de dois ex-namorados em sua busca por reconhecimento e superação. A autora aborda temas importantes, como identidade de gênero, luto e relacionamentos familiares complexos. No entanto, senti que o livro deixou a desejar em alguns aspectos.
Em relação aos personagens, tive dificuldade em me conectar com eles. Jeremy, o protagonista, inicialmente se mostrou um tanto chato e demorou para despertar minha simpatia. Sua jornada como garoto trans poderia ter sido mais explorada e desenvolvida de maneira mais envolvente. Por outro lado, Lukas, mesmo enfrentando situações difíceis, não conseguiu despertar em mim uma empatia profunda. Seus problemas familiares e sua condição de autismo foram mencionados, mas não tiveram a relevância que eu esperava na trama.
Além disso, senti que faltou um maior aprofundamento em certos aspectos da história. Por exemplo, a relação de Lukas com seus pais, marcada pela sensação de invisibilidade, poderia ter sido explorada de forma mais significativa. Também senti que a trama poderia ter se expandido para além do ambiente escolar e da competição do homecoming, permitindo uma maior diversidade de cenários e enredos secundários.
No que diz respeito à escrita, ela é fluente e de fácil acompanhamento, mas não conseguiu me prender totalmente. Em alguns momentos, a história se arrastou e senti que poderia ter sido mais enxuta. Algumas cenas e personagens secundários, como Sol, foram introduzidos, mas não tiveram um desenvolvimento satisfatório, deixando um potencial não aproveitado.
Apesar dessas críticas, "Que vença o melhor" tem sua proposta interessante e aborda temas relevantes. Há momentos de reflexão e algumas citações que transmitem mensagens importantes sobre dor e autodescoberta. É um livro que pode valer a pena para aqueles que estão em busca de uma história sobre recomeços e superação, mesmo que não alcance todo o seu potencial.