Organizadores: Talia Dutton
Editora: Suma HQ
Páginas: 224
Ano de publicação: 2023
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Depois de perder a irmã mais nova, Maura, em um trágico acidente de laboratório, a dra. Frances Ai promete trazê-la de volta à vida. Entretanto, quem reaparece nessa tentativa claramente não é Maura. A criatura, que decide se chamar M, não tem recordações da vida de Maura e só quer seguir seu próprio caminho. Na esperança de retomar a rotina que tinham juntas, Frances quer que M seja como a irmã: uma cientista dedicada com quem dividia seus planos no laboratório. Buscando recuperar suas memórias, Frances cerca M de lembranças do passado de Maura — porém, por mais que a doutora insista, M reluta em assumir uma identidade que não é a sua.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro M de monstra lançado pela editora Suma HQ. O livro é de autoria de Talia Dutton e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
M de Monstra é uma obra de graphic novel que mergulha profundamente nos recantos da perda, luto e auto-descoberta. A narrativa se desdobra como uma dança cuidadosa entre o luto e a curiosidade científica. A protagonista, Francis Ai, é uma cientista atormentada pela perda trágica de sua irmã mais nova, Maura.
O laboratório compartilhado pelas duas irmãs, que também serve como cenário para grande parte da história, se transforma em um símbolo de suas aspirações e da perda que as une. Inspirada por elementos de "Frankenstein", a história constrói uma atmosfera gótica e introspectiva, explorando as profundezas da mente humana e emocional.
O ponto de virada ocorre quando Maura ("M"), acorda após sua própria morte. Esse momento dramático não é apenas o início de uma jornada extraordinária, mas também uma exploração complexa da identidade. O conflito interior de M, que se vê em um corpo desconhecido e costurado, é uma representação visual da luta universal para encontrar o autoconhecimento em meio à turbulência emocional.
A relação entre M e Maura, que transcende a barreira da morte, é um dos pontos mais comoventes da história. Maura guia M, não apenas como um fantasma, mas como um apoio emocional na busca por uma nova compreensão de si mesma.
A autora habilmente entrelaça o tema do luto com a ideia de criar e recriar. A busca de Francis para trazer de volta sua irmã, por meio da manipulação científica, personifica a angústia daqueles que enfrentam a perda. A narrativa não tem medo de explorar a complexidade moral e ética dessas ações desesperadas, questionando a fronteira entre o amor e o desejo de controlar a vida e a morte.
"M de Monstra" se destaca por sua abordagem sensível à saúde mental. As emoções cruas e conflitantes dos personagens são expostas de maneira honesta e realista. A jornada de Francis para aceitar a perda de Maura, enquanto enfrenta seu próprio desejo de trazê-la de volta, é uma representação poderosa da jornada humana em meio à dor e à incerteza.
A história é complementada pela arte impressionante que dá vida aos personagens e ao ambiente sombrio e introspectivo. Cada quadro transmite emoções e nuances, aprofundando a conexão do leitor com a narrativa.