Organizadores: P. M. Chester
Editora: Independente
Páginas: 181
Ano de publicação: 2023
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Nas encruzilhadas de origens coreanas e brasileiras, Yuri enfrenta desemprego, coração partido e a pressão das tradições familiares. Seu destino se entrelaça com Lia, uma musicista forte, presa num relacionamento infeliz. Enquanto a conexão entre eles cresce, desafiam normas e buscam identidade. "A Pele que Vestimos" é uma envolvente jornada de autodescoberta e amor, onde duas almas perdidas encontram forças para transcender lutas internas, encontrando significado nas complexidades da vida.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A pele que vestimos lançado de maneira independente. O livro é de autoria de P. M. Chester e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Em "A Pele que Vestimos" nós conhecemos Yuri, um jovem de ascendência coreana e brasileira, encontra-se à deriva após perder o emprego e enfrentar o fim de um namoro através de uma carta (sim, uma carta) no mesmo dia em que é demitido de um emprego extremamente abusivo. Preso em um lugar não muito saudável, Yuri passa um mês sem sequer sair de casa, preso no quarto e trabalhando com free lance. Isso até aceitar ir em uma festa e conhecer Lia.
Lia, uma musicista extremamente talentosa, acaba conhecendo Yuri nessa festa graças a alguns amigos em comum. A conexão entre eles é instantânea, a conversa é fácil e, pela primeira vez em algum tempo, Yuri se sente confortável com alguém, isso até descobrir que Lia tem namorado.
A relação entre os dois, no entanto, não morre. O que se estabelece como uma amizade se torna algo extremamente complexo para Yuri, afinal a cada dia o rapaz se vê mais apaixonado pela menina, ao mesmo tempo em que luta com a pressão imposta pro sua família, seus próprios medos e desejos e sua rotina desbalanceada.
Essa é a terceira história que eu leio de Pedro Maciel Chester e essa é a terceira vez que fico maravilhado com a competência do autor em criar personagens tão carismáticos e complexos. Yuri, Lia e toda a órbita de personagens secundários que rodeiam os dois formam um conjunto muito forte de personalidades que dão escopo para que "A pele que vestimos" possa brilhar.
A narrativa é uma dança delicada entre os pontos de vista de Yuri e Lia, e isso é ótimo pois oferece uma visão íntima de seus pensamentos mais profundos e emoções mais cruas. Yuri luta com a pressão que ele e seu irmão mais velho, Samuel, sofrem por sua família, principalmente pelo fato deles terem descendência coreana e, de acordo com seus tios e pais, precisarem ser "mais" do que os outros. Nisso, Yuri se vê conturbado pela própria brusca de identidade, alguns dos diálogos entre Yuri e Samuel são brilhantes e evocam muito bem isso.
Lia também é uma outra personagem que brilha muito em seus capítulos. É doloroso acompanhar algumas situações das quais a personagem passa, principalmente por causa de seu namorado, um músico famoso e extremamente egocêntrico chamado Gabriel. Envolta em um relacionamento abusivo e com sua avó lutando contra o câncer, torci muito para que Lia conseguisse se livrar de todos seus males.
Além da disso envolvente, a obra também destaca-se pela riqueza dos detalhes. Os personagens são ricamente desenvolvidos, e suas jornadas são contadas com uma sensibilidade que toca o coração dos leitores. A história não apenas entretém, mas também inspira uma reflexão profunda sobre as várias camadas da identidade e a beleza de abraçar quem somos, independentemente das expectativas sociais.
"A Pele que Vestimos" é mais do que um romance; é uma ode à autenticidade, à coragem de ser vulnerável e à beleza de encontrar a paz em nossas próprias peles. Esta obra é um tesouro literário que não apenas merece ser lida, mas também celebrada como um testemunho da capacidade da literatura de iluminar os recantos mais profundos da alma humana.