RESENHA: FRIO

 

Organizadores:  Tiago Magalhães Ribeiro

Editora: Independente

Páginas: 157

Ano de publicação: 2023

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No romance Frio, Vila é um aspirante a escritor frustrado e inseguro, que sente desperdiçar a vida com banalidades enquanto sua escrita está bloqueada. Um dia, é informado do desaparecimento de seu pai, com quem tinha uma relação conflituosa na sombria Cidadezinha. De volta ao cenário de sua infância, ele quer saber o que realmente aconteceu com o pai, mas se vê perturbado por sonhos e lembranças que o afundam em um torpor paralisante. Vila acaba enredado em uma espiral de mistério e barbárie envolvendo o desaparecimento do pai, a figura suspeita e dominadora do tio, uma antiga namorada por quem talvez ainda tenha sentimentos, um ex-colega de escola envolvido em nebulosas tramas políticas e um velho professor, seu mentor no passado, hoje um sujeito recluso e sem qualquer esperança na vida e na humanidade. Perdido na névoa entre o sonho e a realidade, cercado pelo mato e pelo barro e acossado por um frio sobrenatural, Vila confronta os fantasmas do passado enquanto agoniza em uma luta para entender quem ele é e o que realmente deseja.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Frio lançado de maneira independente. O livro é de autoria de Tiago Magalhães Ribeiro e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

Na gélida e enigmática Cidadezinha, Vila, um escritor em crise, regressa após o súbito desaparecimento de seu pai, uma figura com quem tinha uma relação complicada. A notícia, no entanto, não é das melhores: o corpo de Valdir, pai de Vila, foi encontrado sem vida e em um estado de violência brutal. 

Nisso, Vila precisa retomar contato com familiares dos quais não conversa há anos, inclusive seu tio Antônio: uma figura dominadora e suspeita, parece esconder segredos cruciais sobre o desaparecimento do pai. Além disso, uma antiga namorada ressurge em sua vida, reacendendo sentimentos que ele pensava terem sido enterrados há muito tempo. 

Como se lidar com o luto por seu pai não fosse o suficiente, Vila é atormentado por sonhos e lembranças do passado, que o mergulham em um estado de torpor paralisante. 

Em meio a tudo isso, Vila busca a orientação de um velho professor, seu mentor no passado, que agora vive uma existência reclusa e sem esperança. Esse mentor, que outrora guiara Vila em seus primeiros passos no mundo da escrita, é crucial para que Vila consiga se reencontrar em meio há tanta desconfiança e tanta dúvida que o protagonista guarda dentro de si. 

Pra início de conversa, eu amei o cenário sombrio da Cidadezinha, envolto em uma névoa gélida e penetrante, que serve como pano de fundo para a jornada de Vila. Tiago consegue trazer um ambiente que flerta com o gótico e o sobrenatural de forma brilhante, isso porque em muitos momentos a bruma é tão intensa ao redor daquela cidade que parece que estamos em um lugar isolado do tempo e do espaço mundano. 

 A própria narrativa nos oferece alguns momentos de suspense e horror, até porque Vila parte para tentar desvendar o enigma por trás do sumiço do pai, e nisso acaba se encontrando preso entre o mundo dos sonhos e a realidade, lutando para entender não apenas o que aconteceu com seu pai, mas também quem ele é como indivíduo. Cada pista que ele descobre o leva mais fundo na espiral do mistério e da barbárie, desafiando sua própria sanidade enquanto ele enfrenta os fantasmas do passado.

Em última análise, a busca de Vila não é apenas pela verdade sobre o desaparecimento de seu pai, mas também por uma compreensão mais profunda de sua própria identidade e dos desejos que o impulsionam, eu gostei muito da forma como o autor consegue nos brindar com uma história que seja profunda e que, ao mesmo tempo, nos mantenha presos a narrativa de modo mais diferente (por não haver separação entre diálogo e descrição) e também fluído!