"Degenerado" é uma graphic novel que nos transporta para a vibrante Paris dos anos 1920, onde conhecemos a história surpreendente de Louise e seu marido travesti, Paul, em meio a uma sociedade repleta de convenções e transformações culturais.
Baseada em eventos reais e no livro "La garçonne et l'assassin", essa obra, que foi premiada como Melhor Álbum no Festival de Angoulême em 2014 e recebeu o Grande Prêmio da Associação de Críticos e Jornalistas de Quadrinhos francesa em 2013. Bom, essa história vai além das expectativas, oferecendo uma experiência de leitura rica que me comoveu MUITO durante todo o processo de leitura.
A narrativa começa com Paul e Louise se conhecendo, se apaixonando e se casando, apenas para serem separados pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Determinado a escapar das trincheiras, Paul se torna um desertor e, posteriormente, reencontra Louise em Paris. Porém, para permanecer escondido, Paul adota uma nova identidade, passando a se chamar Suzanne. A partir desse momento, a trama se desenrola em meio à confusão de gênero e ao trauma da guerra, explorando a jornada extraordinária desse casal.
Uma das características marcantes de "Degenerado" é a qualidade artística. A ilustradora Chloé Cruchaudet utiliza pinceladas cinzentas e granuladas, que evocam imagens de giz e o cinema mudo, criando uma estética visual deslumbrante.
A arte é habilmente diversificada, mantendo-se cativante ao longo de toda a obra. Destaca-se também o uso simbólico do vermelho, que traz vitalidade à narrativa, enquanto a autora transmite uma gama de emoções, desde desejo até horror. A cada página, somos agraciados com o deleite visual proporcionado pela harmonia entre a arte e a história.
Além disso, "Degenerado" se destaca por sua representatividade. Ao abordar temas profundos, como os traumas de guerra, o desejo de liberdade, os questionamentos de gênero e as relações abusivas, a obra nos convida a refletir sobre questões importantes da sociedade. A história desafia as convenções e os estereótipos, trazendo à tona a luta por identidade e liberdade individual. É um exemplo poderoso de como a arte pode ser uma ferramenta para a inclusão e a representação de diversas experiências de vida.
A Editora Nemo merece elogios pelo trabalho realizado em "Degenerado". A edição, embora simples, é bem-feita e apresenta um posfácio chamado Muito Degenerado que enriquece ainda mais a experiência de leitura. As informações documentais utilizadas no julgamento são fornecidas, permitindo uma compreensão mais profunda do caso real que inspirou a história. As ilustrações adicionais da autora, em preto e branco, são igualmente belas e complementam a narrativa de forma significativa.
A combinação de uma edição competente, uma arte magistral e uma história envolvente faz dessa obra uma leitura obrigatória para os amantes de quadrinhos e apreciadores de histórias profundas e impactantes. Ao oferecer uma representatividade autêntica e uma narrativa inspiradora, "Degenerado" mostra o poder da arte como agente de transformação e reflexão.
Hello cool it
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