Organizadores: Eric Savalla
Editora: Voe
Páginas: 113
Ano de publicação: 2023
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Em 2018, a cidade de Quatro Trevos está com alto índice de criminalidade e é neste cenário que Ramón e Eduardo vivem, tentando sobreviver à violência na periferia. Eles são melhores amigos e Ramón tenta se descobrir na sua paixão pelo amigo.Quando a tragédia chega à comunidade durante uma festa junina, o garoto precisa lidar com a perda e o preconceito, mas ele não está sozinho e acaba se reconectando com seu colega, o jovem transsexual Gioh Dumont.Ambos embarcam em uma jornada de superação e aprendizagem ao saírem na busca pelo animal de estimação de Gioh: uma calopsita, que ele ganhou de presente da falecida mãe.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Voo da calopsita, lançado pela editora Voe. O livro é de autoria de Eric Savalla e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Ramón e Eduardo são melhores amigos desde quando se conhecem por gente. As coisas costumavam ser mais fáceis durante a infância, mas agora com a adolescência Ramón se vê em um conflito muito forte ao perceber que está apaixonado por Edu.
Essa também não é a única preocupação que passa pela mente de Ramón. Viver na comunidade de Vale do Alto, na cidade de Quatro Trevos, não é muito fácil por conta da forte violência que cruza as ruas. É em um desses atos de violência que a festa junina organizada na comunidade vira o palco de uma tragédia que afeta a vida de todos envolvidos, mas principalmente de Ramón.
Ramón se vê completamente desamparado, e é aí que ele retoma contato com Gioh Dumont, um colega de escola seu do qual ele tinha perdido o contato nos últimos tempos. Gioh tem suas próprias batalhas para travar, afinal crescer como um menino transsexual em um ambiente demarcado pelo preconceito não é tarefa fácil. Gioh, no entanto, está em uma busca: a de sua calopsita chamada Bonnie, um presente de sua falecida mãe.
Ramón então se voluntaria para ajudar Gioh a encontrar a ave ao mesmo tempo em que começa a investigar quem foi o responsável pelo ataque na festa junina. Ao passo em que os dois começam a entender mais a respeito da própria identidade e de como crescer é uma tarefa difícil se você não tiver alguém para ajudar.
Para começar essa história mexeu muito comigo. Eu gostei muito da forma como o Eric consegue criar personagens tão reais em um cenário que muitos de nós podemos nos associar. Adolescência no período fácil para ninguém, e Ramon está vendo isso ao descobrir seus próprios sentimentos, principalmente com relação a Eduardo.
Eu gostei muito desse arco inicial do livro e da forma como o autor coloca seus personagens, ambos são extremamente carismáticos e existe um conflito inicial envolvendo Gioh que demonstra muito da natureza empática e amorosa de ambos. Esse clima inicial é cortado com a tragédia que ocorre durante a festa junina, e a partir dali a narrativa ganha um outro tom mais politizado e mais crítico.
E a partir daí que nós conhecemos mais sobre Gioh, um jovem transexual que está lutando para encontrar sua própria identidade e também para encontrar a sua calopsita Bonnie, presente de sua mãe. É muito interessante ver a forma como Gioh e Ramon trabalham juntos e acabam ajudando um ao outro em momentos tão decisivos na vida de ambos. Existem momentos lindos entre os dois e também de ser uma reflexão para a gente pensar um pouquinho sobre a comunidade LGBTQIA+ e também sobre esse senso de descoberta.
A narrativa é curta eu achei isso ótimo, Eric nos guia de forma brilhante até o final do seu enredo e apresenta personagens que com certeza vão ficar na sua cabeça durante muito tempo! Todo enredo envolvendo a investigação de Ramón segue como plano de fundo para o que realmente importa: são esses personagens tentando encontrar o seu lugar no mundo e também tentando fazer alguma justiça com o poder que ele lhes é dado
Enfim, o livro é muito comovente e muito gostoso de ser lido, eu recomendo que vocês leiam e adquiram a cópia física do livro tanto no site da editora quanto na Amazon. Fica a indicação!