RESENHA: AMOR E MORTE

 

Organizadores: T. M. Alexandrino

Editora: Viseu

Páginas: 104

Ano de publicação: 2023

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Amor e morte é um livro de estreia. Em suas poesias, T.M. Alexandrino explora diferentes tipos de inseguranças, traumas e ressentimentos de um eu lírico abalado e fragmentado, trazendo ao leitor reflexões sobre o amor – como relacionamentos moldam a autoimagem e como uma autoimagem distorcida molda relacionamentos – e sobre a morte – como há coisas piores do que o fim.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Amor e morte lançado pela editora VIseu. O livro é de autoria de T. M. Alexandrino e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

"Gás e poeira

Se transformaram em estrelas.

Será que posso

Me tornar alguém melhor?"

Organizado como uma coleção de fragmentos poéticos, o livro "Amor e morte" traz uma coletânea de poesias que expressam diversos sentimentos como perda, amor, relacionamentos, percepção e análise de si mesmo e muitos outros temas. 

Uma coisa que me surpreendeu durante a leitura dessa coletânea é a forma como cada poema é uma janela aberta para o mundo interior da autora, que compartilha suas vivências e reflexões sobre a vida de forma delicada, muito bem estruturada e bem visceral.  

Um poema que eu queria trazer o fragmento pra vocês se chama "Não estou pronta", onde parece existir uma certa ambivalência emocional do eu-lírico, que, apesar de expressar covardia e dor do passado, possui certa hesitação em aceitar um amor por conta de suas próprias inseguranças, culminando na decisão de não estar pronta para um relacionamento estável, apesar do amor declarado. 

"Mesmo que eu seja covarde

Mesmo que ainda sinta

Tanta dor antiga

Contigo, não tenho medo

E isso me assusta

Sei que não preciso

Me sentir insegura

Seu sorriso

Não me põe em apuros

E isso me causa pânico

Desculpa

Não estou pronta

Pra um amor seguro

Preciso ir embora

Apesar de te amar

Mesmo que te machuque"

A dualidade entre a necessidade de afastamento e o reconhecimento do amor existente reflete a complexidade emocional e a luta interna que todos nós enfrentamos em algum momento de nossas vidas.  O poema captura a tensão entre a busca pelo amor e a resistência à vulnerabilidade, explorando temas de insegurança, medo do compromisso e a natureza complexa dos relacionamentos.

Embora o amor possa chegar mais rápido que a morte, sua durabilidade é efêmera em comparação, essa é uma das reflexões possíveis no poema que nomeia o livro. A reflexão sobre a insustentabilidade de amar alguém para sempre é apresentada com a ideia de que o amor vacila facilmente, sendo um "eterno passageiro" que, apesar de sua fugacidade, deixa uma marca duradoura. 

"O amor vacila fácil

É um eterno passageiro

Mora no ponto de ônibus

Mas quando passou

Ficou em mim

Continuou doendo

Mesmo depois do fim

Já a morte

Não acaba, não passa, não foge

Segura sua mão com força

E não solta

É fiel

Mas não se torna

Uma companhia"

Por outro lado, a morte é caracterizada como algo inescapável e permanente... A certeza e a imutabilidade da morte são contrastadas com a efemeridade e a incerteza do amor. Assim, apesar de ser inevitável enfrentar ambos, o amor às vezes chega a ser mais torturante do que a própria morte.

Enfim, esses são apenas alguns dos apontamentos dos livro. Confesso que fiquei maravilhado com a profundidade dessas poesias e todas as reflexões que elas podem nos oferecer! Fica aí a dica para a leitura.