TRÊS MOTIVOS PARA LER "A BENZEDEIRA"

Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês três motivos para ler A Benzedeira, de Demi Simão

Como alguém se torna uma benzedeira e quais são os desafios e mistérios envolvidos nessa antiga tradição popular? Nas experiências de doença e sofrimento, na luta entre o bem e o mal, no desequilíbrio do mundano com o transcendente, na complexa intimidade da natureza humana, uma figura se apresenta como abrigo seguro e de esperança na comunidade em que vive. Fátima se vê ligada a forças ocultas que a acompanham durante toda a vida, as quais ela tenta entender e controlar. Desde as origens, acontecimentos sombrios marcaram o destino da menina que, à medida que cresce e passa por profundas experiências, percebe em si uma conexão com realidades que vão além do corpo, do tempo e do entendimento e que a convocam a ser uma benzedeira. Como uma mulher do século XX, do interior de Minas Gerais, ela precisa enfrentar os desafios impostos sobre seu gênero, as crueldades do poder, as injustiças, a vivência na intimidade com a terra e com a família. Como benzedeira, ela se vê envolta por questões espirituais, as crenças de seu povo, os custos inerentes ao seu dom e os muitos mistérios da vida e da fé. 

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1. Um retrato apurado 

Demi Simão nos leva para o interior de Minas Gerais, apresentando um panorama verossímil e detalhado do Brasil do século XX pós-escravidão. A ambientação é rica, repleta de descrições que nos imergem na cultura, nos costumes e na religiosidade de um povo que ainda mantém vivas as tradições de benzeção. Essa autenticidade, fruto de uma pesquisa aprofundada sobre a vida das benzedeiras no Vale do Jequitinhonha, nos imerge em uma narrativa que demonstra as lutas de uma época marcada por desigualdades sociais e patriarcado.

2.  Personagens fortes

Fátima, a protagonista, é uma personagem que carrega em si a força e a resiliência das mulheres de sua época. Criada em um ambiente de violência e abuso, ela se transforma em uma figura de autoridade e esperança dentro de sua comunidade. A jornada de Fátima, desde uma infância marcada pela dor até o despertar de sua conexão espiritual como benzedeira, é uma trajetória maravilhosa de ser acompanhada. O livro aborda com precisão os desafios de gênero e as injustiças sociais, tudo de forma não romantizada, tornando a leitura não só impactante, mas também necessária.

3.  Uma escrita forte e necessária 

A escrita de Demi Simão é um dos pontos altos do livro. Com uma narrativa dividida em quatro partes, o autor consegue transitar de forma habilidosa entre momentos de crueldade e passagens de profundo significado cultural e espiritual. A estrutura em capítulos curtos mantém o ritmo fluido, mesmo em uma obra extensa, com mais de cem capítulos. 

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