Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista feita com Ellen Silva, autor de "Eren Sibúna e o encontro entre dois mundos"
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1. Ellen, você construiu um universo muito rico em Eren Sibúna, mesclando mitologia, fantasia e ficção científica. Quais foram as suas principais inspirações para criar Máxis e a conexão entre esse planeta e a Terra? Como foi o processo de pesquisa para integrar elementos culturais como Anúbis e Posídon à narrativa?
No princípio pensei em criar um mundo novo, mas achei muito pretensioso da minha parte, já que era o meu primeiro livro. Porém, não criei o livro com o intuito de publicar, então era apenas para me divertir. O planeta Máxis era para ser baseado no planeta Pandora de Avatar do James Cameron. Pensei em criar vida humanoide que escolheram viver na época paleolítica tal e qual aos Na'vi, mesmo tendo a possibilidade de optar por uma vida mais moderna como acontece com os membros da SARE. Os humanos ao viajar para Pandora escolhem extrair minerais e quem sabe uma futura colonização, pois seu planeta está morrendo. Já os membros da SARE pretendem aprender sobre a cultura, colher relações e salvar criaturas com probabilidade de extinção. O bisavô do Eren fez uma missão de exploração na Terra séculos atrás para firmar novas relações, mas não foi o primeiro de Máxis a ter contacto com a Terra.
A cultura grega é a mais representada em livros de história do que a egípcia e era o que mais me chamava a atenção nas aulas de história. Tanto que já há imensos filmes, jogos ou até mesmo livros sobre isso. A minha pesquisa sobre essas culturas foram bastante rasas e coloquei somente aquilo que já sabia, mas pretendo estudar mais para os próximos livros, pois quero sair um pouco dessa monotonia grega e falar um pouco mais sobre outras mitologias, incluindo a mitologia indigena sul americana.
2. O livro aborda temas complexos como identidade, pertencimento e sacrifício, colocando o protagonista em dilemas profundos. Como foi o processo de desenvolvimento do personagem Eren? Você acredita que ele reflete questões humanas que também enfrentamos em nossa realidade?
Eu acho que os temas complexos como a identidade do Eren foram baseados em mim, O Eren tem três personalidades, pois consegue fluir entre os três, o feminino, o masculino e quando não é nenhum dos dois, tal como eu.
O tema do pertencimento vem também da minha parte, pois nunca morei apenas em um único lugar, tal como o Eren. Costumo chamar a minha mãe de nômade pelo tanto de casa que a gente já morou, tanto dentro do Brasil como fora dele, tal e qual a mãe do Eren. Conheci culturas diferentes, nas quais me habituei melhor do que em um do que em outras, tal e qual os membros da SARE, ou seja, o Eren.
O Eren é um indivíduo muito fechado, menos com seus amigos e familiares, mas de vez em quando consegue socializar de maneira fluida com certas pessoas. Devido a sua longa vida, Eren já perdeu muita gente, por isso tenta ao máximo deixá-los vivos, se sacrificando por eles para não ficar só e às vezes pode ser um pouco suicida, sempre testando os seus limites e a procura de uma forma de morrer algum dia.
Não é porque o Eren é de outro planeta que ele não possa refletir emoções humanas, afinal ele é um humanóide inteligente e complexo como qualquer outro humano terráqueo.
3. A relação entre Eren e o cientista Skar é cheia de nuances, misturando colaboração e desconfiança. Qual foi a intenção ao construir essa dinâmica, e como você vê o impacto dela na narrativa? Existe alguma mensagem específica que você gostaria que os leitores levassem dessa relação? (Se quiser, pode falar de outros personagens que também aparecem na história).
Ao construir a relação entre o Eren e o Skar quis implementar a ideia de que mesmo fazendo parte do mesmo mundo mágico, o Skar fora criado por humanos e por isso a sua desconfiança. a frase "nem todos os monstros fazem coisas monstruosas" remete a nomenclatura dada pelos seres humanos, não mágicos, a criaturas mágicas e seu racismo perante eles. Claro que há exceções, alguns monstros fazem sim coisas monstruosas e isso inclui os seres humanos.
Devido aos poderes adquiridos geneticamente pelo seu pai, Eren é capaz de ver o futuro, mas o futuro é tão fluido quanto ele e pode mudar facilmente. Por isso Eren colabora com Skar, mesmo não tendo visto o seu futuro. Poderia ter feito? sim, mas não o fez, pois isso seria uma falta de respeito com a privacidade de Skar. Algo que ele respeita muito em qualquer indivíduo. Claro que há exceções!
Creio que a mensagem a se passar para os leitores com essa relação é incentivar a desafiar preconceitos, valorizar o respeito mútuo e reconhecer a complexidade das escolhas humanas, promovendo assim uma reflexão sobre como rótulos e julgamentos superficiais podem ser prejudiciais. Destaca também a importância da empatia, livre arbítrio e da responsabilidade das relações interpessoais e na construção de um mundo mais justo.
4. Eren Sibúna é repleto de reviravoltas e momentos épicos, mas também explora o lado emocional e psicológico dos personagens. Como você equilibrou esses dois aspectos durante a escrita? Existe alguma cena ou capítulo que você considere o mais desafiador de escrever?
Devido a tragédia da explosão de Máxis, Eren perde seus entes queridos e animais de estimação, deixando um enorme buraco psicológico de emoções em sua cabeça e a sua entrada num tipo de coma atrasou toda a sua evolução psicológica, enquanto nos seres de Máxis não. O povo de Máxis passa um século remoendo e nutrindo as suas emoções quanto a isso, já para o Eren só se passou um dia quando chega a Terra. Está tudo muito fresco, deixando o apático e prestes a concordar com um suicídio. A súbita vingança fez ele acordar para a vida e fazer uma jornada de descobrimentos sobre quais seriam as suas ações perante aquele indivíduo, fazendo-o processar suas emoções.
Eu precisava de uma história envolvente e com muita ação para me entreter e não pensar em coisas ruins da vida. Sinceramente não pensei muito sobre isso e foi fluindo naturalmente.
Acho que os capítulos mais desafiadores de escrever foram os capítulos 3. 10, 24, 28, 25, e 36. Tive de estudar alguns lugares e arquiteturas na qual não fazia a mínima ideia de como funcionavam e inventar as características dos clãs de Máxis, impondo sempre um pouco de fantasia, é claro!
5. Muitos leitores já estão ansiosos por uma possível continuação dessa história. Você já planeja uma sequência ou expansão desse universo? Em caso afirmativo, pode nos dar alguma dica sobre o que podemos esperar dos próximos passos de Eren e do equilíbrio entre esses dois mundos?,
Se tudo der certo, pretendo expandir primeiramente para uma trilogia, outra trilogia em Máxis com a história do bisavô, avó e mãe do Eren e um livro de origem do Richard, se meu amigo permitir é claro, muito provavelmente com co.autoria.
No próximo livro pretendo focar na expansão da Ilha-fantasma para abrigar os Clãs de Máxis, o relacionamento de Skar e Eren e a ponta solta que deixei com a campeã do Caos, a Lucy. A Ordem e o Caos vão ter muito o que conversar!