Fala, galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje eu venho compartilhar com vocês uma indicação especial — e não é só de um livro, mas de uma série inteira que me pegou de jeito. A série Imperdoáveis, escrita por Fernanda Egger e publicada pela editora Alarde, mistura fantasia celestial, dilemas humanos e uma construção de personagens que me deixou preso desde o primeiro capítulo.
A seguir, separei minhas impressões sobre os três primeiros volumes dessa saga que promete cinco livros no total — e, olha, se os dois próximos seguirem o mesmo ritmo, podemos esperar por mais reviravoltas intensas, amadurecimento emocional e embates internos que vão muito além do clichê do “bem contra o mal”.
1. Imperdoáveis
Tudo começa com Daniel, um anjo que já foi um poderoso Principado, mas que acabou rebaixado à função de anjo da guarda por ter cometido pecados imperdoáveis. Sua nova missão é cuidar de Clarissa, uma criança tímida que mal imagina o destino grandioso que a aguarda: tornar-se profetisa do Senhor.
O livro nos introduz a esse universo onde o divino e o terreno colidem com força. Um dos elementos mais marcantes da narrativa é justamente a tensão que Fernanda Egger constrói entre o sagrado e o humano — principalmente ao mostrar que os pecados capitais são absolutos para os anjos, mas fazem parte da construção da identidade humana.
A dinâmica entre Daniel (sob a identidade de Ângelo, seu “alter ego” infantil) e Clarissa é cativante e carregada de afeto. O vínculo que nasce entre eles ultrapassa a simples relação protetor-protegida. E é aí que a série começa a mostrar sua força: o quanto sentimentos — mesmo os mais puros — podem carregar consequências.
Com personagens femininas secundárias fortíssimas (como Ana, Elizabete e Kate), Imperdoáveis constrói um primeiro ato que, mesmo com seu teor espiritual, se ancora em questões muito humanas: culpa, afeto, redenção e pertencimento. Um excelente começo.
2. Viciados
No segundo volume, Viciados, temos uma Clarissa mais velha — agora entrando na adolescência — e carregando o fardo de visões cada vez mais intensas e perturbadoras. Daniel, por sua vez, continua dividido entre sua essência celestial e as tentações que o mundo humano insiste em lhe oferecer.
A história cresce junto com os personagens. Clarissa já não é mais uma criança, e isso muda completamente a relação entre ela e Daniel/Ângelo. A ingenuidade vai cedendo espaço à confusão, ao desejo e a uma certa melancolia, principalmente porque agora Clarissa entende melhor o peso da sua existência e da ligação perigosa que tem com seu anjo da guarda.
A narrativa, aqui, se aprofunda de maneira brilhante. Fernanda Egger amplia o universo da série sem perder o tom intimista que marcou o primeiro livro. A escrita continua sensível, e os temas abordados — como dependência emocional, identidade e os limites do amor — são tratados com muita maturidade.
O final de Viciados marca uma virada decisiva. Clarissa passa por um processo de autodescoberta intenso, e Daniel começa a perceber que talvez suas escolhas o levem a um caminho sem volta. Tudo isso faz com que o leitor termine o livro com o coração apertado e a mente cheia de perguntas. E, claro, pronto pra devorar o próximo volume.
3. Reunidos
Em Reunidos, o terceiro livro da série, as coisas ficam ainda mais complicadas — emocionalmente e espiritualmente. Depois de decidir se afastar de Ângelo, Clarissa acredita estar protegendo a ambos. Mas o vazio deixado pela ausência dele abre espaço para outra forma de presença: Daniel surge agora em forma humana, matriculado na mesma escola que ela.
É nesse ponto que a série atinge um novo patamar de complexidade. A relação entre os dois personagens se torna mais próxima, mais real e, por consequência, mais perigosa. Daniel escolhe se infiltrar na vida de Clarissa de maneira mais direta, e isso afeta não só o equilíbrio celestial, mas a própria forma como ela enxerga o mundo e a si mesma.
A banda que Clarissa monta com os amigos serve como válvula de escape para todas essas mudanças, mas nem mesmo a música consegue silenciar os conflitos internos que ela vive. O amadurecimento da protagonista é palpável, e a escrita de Fernanda Egger acompanha esse crescimento com uma sensibilidade rara.
Clarissa está cada vez mais consciente do que representa, do que sente e do que teme. Daniel, por sua vez, se vê cada vez mais longe do céu — e mais perto daquilo que ele nunca poderia desejar.
Esse terceiro livro é, até agora, o mais visceral da série. Ele mexe com limites — morais, emocionais e espirituais. E deixa um gostinho amargo de que, talvez, não haja caminho fácil para ninguém nessa história.
Vale a pena começar a série?
Se você curte histórias que equilibram fantasia com questões existenciais, e que tratam a jornada do amadurecimento com o respeito e a dor que ela merece, Imperdoáveis é uma série que precisa estar no seu radar.
Fernanda Egger não entega respostas prontas — e talvez por isso mesmo sua escrita funcione tão bem. Os personagens crescem, sofrem e mudam diante dos nossos olhos, e cada livro parece amadurecer junto com eles.
Com mais dois volumes por vir, fica o convite: mergulhe nesse universo onde o sagrado e o humano se tocam de maneira tão intensa quanto perigosa.
Até a próxima!