Eu não costumo ler romances. Também nunca fui muito ligado no universo dos doramas, nem sei direito quais são os clichês que ele carrega. Por isso, quando Bom dia, meu amor! chegou até mim, confesso que fiquei com o pé atrás. Achei que seria uma história batida, talvez até melosa demais. Mas o que encontrei foi algo completamente diferente do que esperava.
Ayla é uma jovem que vive na Coreia do Sul e está internada longe de casa, enfrentando uma doença grave que virou sua vida ao avesso. No meio de exames, rotinas hospitalares e despedidas silenciosas, ela conhece Hyun Jin, um soldado que aparece quase por acaso no quarto dela.
A partir daí, algo começa a se construir entre os dois. Não de forma explosiva ou repentina. Não tem declaração de amor no primeiro encontro nem promessas mirabolantes. Só gestos, presença. e cuidado.
O que me surpreendeu no livro foi a forma como ele é escrito. A narrativa é poética e sensível, mas sem forçar emoção. Dilcineia, a autora, trabalha muito bem o silêncio entre os personagens, os detalhes pequenos, os bilhetes deixados de lado da cama enquanto os dois ainda estão se conhecendo no hospital...
Tudo vai sendo costurado com uma delicadeza que, mesmo eu não sendo o público-alvo, me pegou torcendo para que o romance entre os dois desse certo!.
Quando Jin é chamado para cumprir suas obrigações longe dali, ele garante que Ayla continue bem. Deixa uma estrutura montada, uma casa em Seul, o apoio de Dulce, sua amiga mais fiel. E mesmo à distância, ele continua presente de uma forma que não depende de palavras. Gostei muito da forma como a autora consegue trabalhar o amor e o cuidado mesmo nos períodos de ausência, sendo esse um dos pontos altos do livro pra mim!
O livro é sobre recomeços, sim, mas também sobre o tipo de amor que não exige, não sufoca e nem se impõe. É um amor que cuida. Que permanece mesmo quando parece que tudo está prestes a desmoronar.
E mais do que isso, é uma história que entende a importância de se ter alguém ao lado, ainda que esse alguém só saiba ficar quieto no mesmo cômodo, dividindo o tempo com você.
Bom dia, meu amor! me tocou porque fala de uma forma muito bonita sobre o afeto e a fragilidade. Principalmente por ser um romance que não soa fabricado. É uma história contada com calma, com honestidade, com a sensibilidade de quem entende que amar nem sempre é grandioso. Às vezes, é só permanecer. E isso, por si só, já diz muito.
Se você também não é fã de romances ou nunca se interessou muito por histórias nesse estilo, talvez essa leitura te surpreenda como me surpreendeu. Não é sobre finais perfeitos, mas sobre o que a gente constrói no meio do caos.