Organizadores: Agatha Christie
Editora: L&PM
Páginas: 288
Ano de publicação: 2013
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Foi dada a largada para a competição do século. Quatro investigadores - o superintendente Battle da Scotland Yard, a escritora de romances policiais Ariadne Oliver, o coronel Race e o incomparável Hercule Poirot - são convidados pelo excêntrico sr. Shaitana para um jantar especial. Os quatro convidados - um médico, uma senhora viúva, um aventureiro e uma bela moça -, cidadãos aparentemente comuns, vão se tornar seus adversários num disputado jogo de bridge. Mas um crime interrompe bruscamente a noite, e o jogo tem uma reviravolta: passam a ser quatro investigadores contra quatro suspeitos. Um dos casos prediletos de Hercule Poirot, "Cartas na mesa" é também uma das mais intrincadas tramas de Agatha Christie.
Fala galera do Porão Literário, tudo bem? Agatha Christie segue provando por que é chamada de Rainha do Crime. Em Cartas na Mesa e O Cavalo Amarelo, mergulhamos em dois mistérios que não poderiam ser mais diferentes em tom, mas que carregam a mesma precisão narrativa que tornou a autora um fenômeno mundial. Vamos as resenhas!
Cartas na Mesa
Poucas armas, poucos suspeitos, um único cômodo. Em Cartas na Mesa, Agatha Christie brinca com as limitações do espaço e transforma um simples jogo de cartas em uma armadilha engenhosamente arquitetada. Hercule Poirot está entre os convidados de um jantar bastante peculiar promovido pelo excêntrico sr. Shaitana — um homem que coleciona assassinos que nunca foram punidos. A provocação, claro, termina com o próprio anfitrião morto... diante de todos.
A beleza do livro está na sutileza. Não há corrida atrás de pistas ou perseguições. Tudo gira em torno da observação de comportamento e da habilidade de Poirot em decifrar os gestos, falas e silêncios dos suspeitos. Agatha mostra, aqui, como o verdadeiro mistério pode estar nas entrelinhas — e isso transforma a leitura num verdadeiro duelo intelectual.
O Cavalo Amarelo
Já O Cavalo Amarelo entrega um clima totalmente diferente. Logo nas primeiras páginas, somos envolvidos por uma atmosfera sombria e desconcertante. Um padre é assassinado após receber uma confissão perturbadora. A única pista deixada para trás? Uma lista de nomes escondida no sapato do religioso. É assim que Mark Easterbrook entra na história, tentando descobrir o elo entre os nomes da lista, mortes aparentemente naturais e... bruxaria?
Sim, esse é um dos livros mais inusitados de Christie. O tom aqui beira o sobrenatural, mas sem abandonar o ceticismo que é marca da autora. A presença de uma suposta seita e a ideia de mortes provocadas por “maldade à distância” geram um suspense psicológico que brinca com as nossas crenças. Até onde vai o poder da sugestão? Existe algo mais forte do que o medo para matar alguém?
A resolução, claro, é lógica — e talvez seja uma das críticas sociais mais afiadas da autora, disfarçada de história de crime. É um livro que nos lembra que, às vezes, o verdadeiro horror está nos bastidores do que a sociedade aceita calar.