Organizadores: Ivone Lopes
Editora: FlyveAno de publicação: 2025
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Cassandra administra um bordel frequentado por homens poderosos. Ela se entrega perdidamente a uma paixão. Quando é traída, o sentimento de vingança a consome, dando espaço para Jonas, que exerce influência sobre seus pensamentos e ações. Perdida entre a sedução e a vingança, ela tenta equilibrar seus sentimentos e suas atitudes. Em uma ilha isolada, uma curandeira assume a responsabilidade de cuidar sozinha de sua neta, após o desaparecimento misterioso da filha. O que será que essas duas mulheres têm em comum? Entre a Luz e as Trevas é uma história fascinante que explora os limites entre a vida e a espiritualidade. Um romance espírita que traz uma mensagem profunda sobre como nossas escolhas, regidas pelo livrearbítrio, podem nos conectar a espíritos obsessores e resultar em consequências inevitáveis, cobrandonos por atos cometidos em vidas passadas.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Entre a Luz e as Trevas: Cigana Rosa Vermelha, lançado pela editora Flyve. O livro é de autoria de Ivone Lopes sob inspiração da Pombagira Rosa Vermelha e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
É difícil categorizar esse livro numa prateleira só. Ele navega entre o drama, o misticismo, a espiritualidade e uma denúncia social pungente, sem nunca perder a mão na construção de personagens extremamente humanos. Ivone entrega uma história densa, onde o bem e o mal não são forças externas, mas conflitos que se encarnam nas escolhas dos personagens.
A trama começa acompanhando Jacira, uma curandeira forte, guiada por intuições e sonhos, que vive em uma ilha afastada e mantém vivas tradições espirituais que herdou dos ancestrais. Jacira é dessas personagens que carregam o mundo nos ombros, literalmente. Seu ofício com ervas, rezas e conexão com o plano espiritual ganha contornos ainda mais intensos quando uma criança aparece misteriosamente em sua porta.
E é aí que a história toma forma: o livro constrói, aos poucos, uma teia muito bem amarrada sobre destino, escolhas e tudo aquilo que está entre a luz e as trevas, exatamente como diz o título. A criança, claro, é mais do que parece. E a própria Jacira sabe disso.
O que mais me impressionou em Entre a Luz e as Trevas foi a habilidade da autora em criar atmosferas. Tem algo na escrita de Ivone que lembra um transe: você sente o cheiro da floresta, ouve os tambores e percebe o peso dos sinais que vão surgindo, como presságios. Há uma sequência, aliás, em que Jacira atravessa o plano físico em direção ao mundo espiritual, e essa cena me marcou de um jeito que poucas descrições conseguiram.
Além de Jacira, o livro apresenta outros núcleos igualmente fortes. Entre eles, o que se passa no bordel “Até o Amanhecer” talvez seja o mais brutal. É nesse espaço que conhecemos Cassandra, uma mulher que passou por todo tipo de violência física e espiritual, e que, com o tempo, vira o jogo, assumindo o comando do local onde antes foi vítima. A transformação dela é visceral, e foi uma das partes que mais me prendeu.
Ivone também se debruça sobre questões importantes: o abuso de poder, a repressão às mulheres, a forma como o sistema silencia as vozes que tentam resistir. Mas tudo isso atravessado por uma camada de religiosidade que não é panfletária, é vivida. Aqui, a fé é uma lente pra enxergar o mundo com mais clareza, não uma armadura.
Entre a Luz e as Trevas fala sobre espiritualidade, mas não romantiza o sofrimento. Fala sobre legado, mas não ignora o peso de carregar certas histórias. Fala sobre violência, mas aponta caminhos de cura. É um livro que, ao final, deixa claro que a verdadeira batalha é sempre travada dentro da gente.
Se você curte histórias com densidade emocional, mergulho espiritual e personagens femininas marcantes, essa leitura com certeza vai te tocar. E mesmo que você não acredite em destino, esse livro chega como um lembrete de que algumas histórias nos escolhem.
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