Sempre tive um fraco por histórias que se passam em escolas com uma estrutura bem definida, especialmente aquelas com divisões de grupo, códigos próprios e disputas internas. Por isso, me surpreendi positivamente com a forma como o Leonel construiu a Escola Romanorum, plano de fundo de A Jornada de Leônidas. 
A escola é dividida em reinos, ou melhor, grupos que funcionam como verdadeiras nações. Entre eles estão os Populares, Modernidade, Rock, Fênix, Moda, Natureza, Amazonas, Valentes e Melhores. Cada grupo possui sua identidade, seus valores e seu nível de influência dentro da instituição — e, claro, os privilégios estão sempre nas mãos dos mesmos.
Leônidas von Weiss Lecchini retorna à Romanorum depois de quatro anos afastado, marcado por uma expulsão injusta. Ao voltar, ele busca respostas sobre o que aconteceu no passado, mas acaba encontrando algo maior: um sistema inteiro sustentado por hierarquias e desigualdades. A escola é controlada por uma elite de nobres que oprimem os plebeus (alunos sem título, sem influência), e que precisam se submeter às regras para sobreviver ali dentro.
O livro tem cerca de 500 páginas e o autor constrói a história com calma, sem pressa de entregar tudo de uma vez. Ele desenvolve bem tanto os conflitos quanto os personagens, e isso foi algo que me chamou atenção. Isso porque Leonel dá atenção às dinâmicas entre os grupos e à estrutura da escola... 
Realmente considero esse um dos pontos mais fortes da leitura! O sistema da Romanorum é complexo, e vamos compreendendo aos poucos como ele funciona, e por que precisa ser derrubado.
Ao longo da história, Leônidas se aproxima de outros alunos que também se incomodam com as injustiças que presenciam. Ávalon, por exemplo, é uma aluna nova que começa no Reino do Rock, mas logo se junta ao protagonista na fundação do Reino dos Inteligentes. Com personalidade forte e muito carisma, ela se torna uma das aliadas mais importantes na luta contra o sistema.
Mandy, outra integrante do grupo, também é fã de heavy metal e se destaca por sua empatia e inteligência. Sofre bullying constante por conta de sua aparência, mas mesmo assim se mantém firme e disposta a ajudar quem precisa. Já Luna, que estuda na escola há mais tempo, carrega o peso dos julgamentos e boatos que enfrentou desde cedo, e vê na aliança com Leônidas uma forma de reescrever sua história. Sid, o mais impulsivo do grupo, é leal, direto e está sempre disposto a enfrentar o que for preciso, mesmo que se coloque em risco.
O que eu amei (e justifica as 500 páginas) é que cada um deles tem seus próprios dilemas, traumas e motivos para lutar. Eles ajudam a tornar a história mais densa e mais humana. E o melhor: o autor respeita o tempo de cada um. Ninguém muda do dia pra noite — e é super gostoso acompanhar vê-los amadurecer. 
A crítica social também é muito presente no livro. A forma como os nobres controlam tudo, as humilhações públicas, os privilégios impostos e o silenciamento dos mais fracos são mostrados com clareza. A Romanorum acaba representando um sistema injusto que normaliza a desigualdade, e o livro não se esquiva de mostrar o impacto disso.
Se você gosta de livros com ambientação escolar, formação de alianças e questionamento de autoridade, esse é um prato cheio. Recomendo muito. Foi uma leitura nacional que me surpreendeu e me deixou curioso pra saber o que vem no segundo livro, intitulado "A Guerra dos Grupos"