Organizadores: Lucas Pergon
Editora: Editora AGE
Páginas: 505
Ano de publicação: 2025
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Imagine uma escola onde todos os alunos se dividem em grupos que são verdadeiras nações, onde uns têm títulos de nobreza e podem tudo, enquanto outros são plebeus e não podem nada. Essa é a realidade que Leônidas von Weiss Lecchini terá de enfrentar ao retornar à Escola Romanorum, de onde fora rechaçado quatro anos antes, para poder descobrir a verdade sobre o porquê de ele ter tido o destino que teve e, ainda, virar a Escola do avesso para se vingar de todos os responsáveis por sua desgraça. Porém, ao longo dessa jornada, ele descobrirá que nesse lugar, onde quase todos o odeiam, ainda haverá pessoas dispostas a lutar a seu favor, nas quais ele realmente poderá confiar. A constatação mais importante a ser feita por Leônidas é a de que pôr um fim nos abusos e absurdos dos nobres e de muitos funcionários da Escola não é apenas uma questão de honra ou de uma reles vingança pessoal, mas de justiça.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A Jornada de Leônidas; o começo do fim, lançado pela Editora AGE. O livro é de autoria de Leonel Silveira Cervo e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Sempre tive um fraco por histórias que se passam em escolas com uma estrutura bem definida, especialmente aquelas com divisões de grupo, códigos próprios e disputas internas. Por isso, me surpreendi positivamente com a forma como o Leonel construiu a Escola Romanorum, plano de fundo de A Jornada de Leônidas.
A escola é dividida em reinos, ou melhor, grupos que funcionam como verdadeiras nações. Entre eles estão os Populares, Modernidade, Rock, Fênix, Moda, Natureza, Amazonas, Valentes e Melhores. Cada grupo possui sua identidade, seus valores e seu nível de influência dentro da instituição — e, claro, os privilégios estão sempre nas mãos dos mesmos.
Leônidas von Weiss Lecchini retorna à Romanorum depois de quatro anos afastado, marcado por uma expulsão injusta. Ao voltar, ele busca respostas sobre o que aconteceu no passado, mas acaba encontrando algo maior: um sistema inteiro sustentado por hierarquias e desigualdades. A escola é controlada por uma elite de nobres que oprimem os plebeus (alunos sem título, sem influência), e que precisam se submeter às regras para sobreviver ali dentro.
O livro tem cerca de 500 páginas e o autor constrói a história com calma, sem pressa de entregar tudo de uma vez. Ele desenvolve bem tanto os conflitos quanto os personagens, e isso foi algo que me chamou atenção. Isso porque Leonel dá atenção às dinâmicas entre os grupos e à estrutura da escola...
Realmente considero esse um dos pontos mais fortes da leitura! O sistema da Romanorum é complexo, e vamos compreendendo aos poucos como ele funciona, e por que precisa ser derrubado.
Ao longo da história, Leônidas se aproxima de outros alunos que também se incomodam com as injustiças que presenciam. Ávalon, por exemplo, é uma aluna nova que começa no Reino do Rock, mas logo se junta ao protagonista na fundação do Reino dos Inteligentes. Com personalidade forte e muito carisma, ela se torna uma das aliadas mais importantes na luta contra o sistema.
Mandy, outra integrante do grupo, também é fã de heavy metal e se destaca por sua empatia e inteligência. Sofre bullying constante por conta de sua aparência, mas mesmo assim se mantém firme e disposta a ajudar quem precisa. Já Luna, que estuda na escola há mais tempo, carrega o peso dos julgamentos e boatos que enfrentou desde cedo, e vê na aliança com Leônidas uma forma de reescrever sua história. Sid, o mais impulsivo do grupo, é leal, direto e está sempre disposto a enfrentar o que for preciso, mesmo que se coloque em risco.
O que eu amei (e justifica as 500 páginas) é que cada um deles tem seus próprios dilemas, traumas e motivos para lutar. Eles ajudam a tornar a história mais densa e mais humana. E o melhor: o autor respeita o tempo de cada um. Ninguém muda do dia pra noite — e é super gostoso acompanhar vê-los amadurecer.
A crítica social também é muito presente no livro. A forma como os nobres controlam tudo, as humilhações públicas, os privilégios impostos e o silenciamento dos mais fracos são mostrados com clareza. A Romanorum acaba representando um sistema injusto que normaliza a desigualdade, e o livro não se esquiva de mostrar o impacto disso.
Se você gosta de livros com ambientação escolar, formação de alianças e questionamento de autoridade, esse é um prato cheio. Recomendo muito. Foi uma leitura nacional que me surpreendeu e me deixou curioso pra saber o que vem no segundo livro, intitulado "A Guerra dos Grupos"