Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista feita com Aline Marques Dias, a autora de As filhas de Kahara e o Trono Maldito.
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1. Melissa e Verônica têm trajetórias tão diferentes, mesmo sendo irmãs gêmeas. Como foi o processo de construir essas duas protagonistas de forma tão oposta, mas ainda conectadas por uma herança comum? Você se inspirou em algo específico para moldar suas personalidades?
A ideia da dualidade foi o meu ponto de partida. Comecei a escrever ainda na adolescência, com 15 anos (ou talvez até antes), e sempre achei poético explorar os opostos: o dia e a noite, a coragem e o medo, o amor e o ódio. Uma das minhas poesias favoritas é Ou isto ou aquilo, da Cecília Meireles, e hoje percebo o quanto ela me influenciou desde a infância. Sem nem perceber, sempre me atraí por esse jogo de contrários.
Melissa e Verônica nasceram dessa necessidade de explorar duas faces da mesma moeda. São espelhos distorcidos uma da outra, e com o tempo, a história mostra que talvez sejam mais parecidas do que gostariam de admitir (e sim isso talvez seja um spoiler).
2. Naron e Meliarge são dois mundos bem diferentes, mas que se entrelaçam o tempo todo na trama. Como foi construir essa dualidade? Você começou com a ideia dos planetas primeiro ou eles surgiram a partir da história das irmãs?
As irmãs vieram primeiro. Os planetas surgiram depois, quase como reflexos delas. Naron e Meliarge carregam uma simbologia forte: um representa o mundo que eu gostaria que existisse, onde a natureza é respeitada mesmo após muitos erros; o outro, uma projeção sombria da Terra, caso continuemos com nossos hábitos destrutivos.
Naron é o planeta que aprendeu pela dor. Meliarge é o retrato do que acontece quando a dor não ensina. A dualidade entre eles foi se costurando naturalmente com a narrativa das personagens.
3. A representatividade em Melissa é algo que se destaca logo de cara: uma personagem autista e albina, que vai crescendo e se entendendo. Como foi trabalhar essas características de forma respeitosa e autêntica? Houve algum tipo de pesquisa ou consulta nesse processo?
Durante minha adolescência, eu pegava um ônibus para ir à escola. Todos os dias, via um garotinho albino e autista que descia alguns pontos antes, na APAE da minha cidade. Eu era jovem, ignorante, e me sentia incomodada — ele gritava sem motivo aparente, se debatia.
Anos depois, já formada em pedagogia, estudei a fundo o autismo: suas estereotipias, sua complexidade, o modo como ele responde ao mundo. E foi como se aquele menino voltasse para mim com outro significado. Eu entendi o incômodo... e mais ainda, entendi que o incômodo vinha da minha própria ignorância.
Melissa nasceu primeiro como uma personagem comum. Mas depois disso, eu soube: ela era aquele sentimento. A estranheza inicial que vira admiração. Ela é o desconforto que, quando você olha mais de perto, revela beleza, força e verdade. Porque quando você percebe aquela personagem que antes era irritante de repente ganhou seu coração e você a vê com outros olhos.
4. Nicolas é um personagem que surpreende. À primeira vista parece o típico guerreiro guia, mas vai se revelando mais humano e contraditório. Como surgiu a ideia dele e da relação dele com a Kahara?
Desde o início, Nicolas era meu anti-herói. Queria alguém que fizesse o leitor pensar: “Eu teria feito a mesma coisa no lugar dele?”. Ele não é maldoso, só humano.
A história dele se repete, e isso é cruel. Perder dois amores da mesma forma... é uma dor que me fez, como autora, sentir compaixão por ele. Ele virou um personagem que carrega falhas com dignidade, e eu queria muito que o leitor sentisse esse peso também. Ele faz escolhas que não são certas — mas são compreensíveis. E às vezes, isso dói mais.
5. O final do livro deixa um gancho bem forte. Você já tem planejado quantos volumes essa história vai ter? Pode dar alguma pista do que esperar no segundo livro?
O segundo livro já está em produção, e o esboço do terceiro também. Além disso, tenho dois spin-offs planejados, um especial pós-trilogia e até uma série de continuidade no mesmo universo com novos personagens. São ideias que ainda estão em fase de rascunho, mas que me acompanham há bastante tempo. A única certeza no momento é a trilogia — e minha meta é lançar o segundo volume ainda este ano.
Sobre o que esperar: vamos finalmente conhecer Verônica de verdade. Não apenas o que dizem sobre ela, mas seus próprios pensamentos, suas decisões, seu plano.
Também será o momento de revelar, com mais profundidade, o que é a Escala Petrachelly. Ela foi apenas mencionada no primeiro livro, mas agora os leitores terão dimensão real do que significa alguém acima do nível 5. Saber que Kahara era uma nível 10, por exemplo, vai adquirir um peso muito mais assustador.
Além disso, vamos mergulhar mais fundo nos romances — porque, embora a história seja de aventura e autodescoberta, o amor e o desejo também são partes fundamentais. O livro continuará sendo publicado em duas versões: uma +12 e uma +18, com cenas sensuais e conteúdo mais adulto, para respeitar diferentes faixas etárias e garantir que cada leitor possa viver essa história da forma que preferir.
Sobre a autora: Aline Marques Dias é professora, tradutora, revisora, escritora e legender, com sólida formação em Letras e Pedagogia. Nascida em Suzano, Zona Leste de São Paulo, atua em diversas cidades próximas, incluindo Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Guaianases e Cidade Tiradentes. Destaca-se especialmente em Cidade Tiradentes, onde leciona, e em Itaquaquecetuba, cidade em que integra a Academia de Letras, ocupando a cadeira nº 36, patronímica de Cecília Benevides Meireles.
É graduada em Letras – Português e Inglês, Letras – História, Pedagogia, além de Bacharelado em Tradução e Interpretação, concluídos pela Uninove e pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (Faveni). É fluente em inglês e atua com traduções, legendagem, ensino e revisão textual.
Filha de pai vidreiro e mãe professora, sempre reconheceu nos pais a garra de verdadeiros brasileiros, que trabalharam arduamente para alcançar seus sonhos, transmitindo-lhe desde cedo o valor do estudo como maior forma de rebeldia contra o sistema. Para Aline, tudo o que se possui pode ser tirado, exceto o conhecimento – seu bem mais valioso.
Desde muito nova, escreve e se destaca academicamente, tendo conquistado diversos prêmios estudantis de escrita e também em Olimpíadas de Matemática durante a vida escolar. Como filha dedicada, irmã parceira e esposa amada, é reconhecida por sua postura prestativa e proativa, sempre disposta a ajudar no que for necessário e entregando o máximo de si em cada projeto que se propõe a realizar.
Na área literária, é autora de obras independentes como Caro Viajante, Era uma Vez a Cidade do Ódio, Crônicas do Fim, Dandelion e As Filhas de Kahara e o Trono Maldito, além de publicações didáticas e antológicas como Minhas Palavras, Infância em Versos, Práticas Lúdicas de Inglês na Escola Pública e Ser Independente.
Entre seus projetos, destaca-se a idealização, organização e patrocínio do “Projeto Futuros Escritores”, que possibilita aos alunos produzirem livros independentes e realizarem exposições literárias, fomentando o protagonismo e a criatividade juvenil.
Foi reconhecida com prêmios como Melhores Poetas FLIP 2024 e Educador Destaque 2025, além de integrar a Academia de Letras de Itaquaquecetuba, participando ativamente de encontros, eventos literários e produções intelectuais da instituição.
Mesmo exercendo duplo cargo na Prefeitura de São Paulo, dedica-se em seu tempo livre à leitura, à escrita e à participação em eventos culturais e literários, mantendo seu compromisso com a educação, a literatura e a transformação social por meio do conhecimento.




















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