RESENHA: DANÇANDO COM A MORTE

 

Organizadores: Sabrina Santos 

Editora: Mil Histórias.

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Algumas histórias nascem com prazo de validade.Outras… com um aviso: “Não se aproxime.”Mas Elara e Kael nunca souberam obedecer.Ela era feita de espinhos, silêncio e glória esquecida.Ele, de sombras, segredos — e uma missão impossível de ignorar.Elara Moreau foi a bailarina que o mundo perdeu cedo demais.Kael… o ceifador que devia tê-la levado mas falhou.Mas o destino tem um talento cruel:fazer os piores encontros virarem os melhores infernos.Quando ambos passam a trabalhar na mesma fundação, entre ensaios carregados de tensão, coreografias com gosto de despedida e toques que gritam mais alto que palavras, eles aprendem que o ódio é só o primeiro passo de uma dança chamada desejo.E quando o palco finalmente os reúne,não é só arte que vai emergir...É o amor que nunca deveria ter existido.E a morte que sempre soube esperar.Se você ama rivais que se odeiam com cada célula — e ainda assim não conseguem se soltar…Se acredita que alguns romances foram escritos à faca, não à caneta…Então prepare-se.Porque essa dança não termina em aplauso.Termina em arrepio.Até o último suspiro.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Dançando com a Morte, lançado pela editora Mil Histórias. O livro é de autoria de Sabrina Santos e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.

Confesso que fui fisgado pelo título. Existe algo de perigoso e poético em Dançando com a Morte, e essa dualidade está presente em cada linha da história. O livro acompanha Elara Moreau, uma bailarina prodígio que deixou os palcos cedo demais por conta de um acidente, e Kael, um ceifador que falhou justamente em sua missão de levá-la. E sim, você leu certo: ele deveria tê-la levado.

O universo criado por Sabrina mistura elementos sobrenaturais com uma ambientação urbana carregada de tensão emocional. O ponto forte da narrativa é, sem dúvida, a relação entre Elara e Kael. Não é aquela coisa leve ou “opostos que se atraem” no clichê tradicional. Eles se detestam, se confrontam e se atraem na mesma intensidade, e é esse embate que move a história. O ódio é o ponto de partida, mas nunca é o suficiente para impedi-los de se encontrarem, seja em um ensaio, em uma sala escura, ou no próprio palco.

Elara é uma personagem amarga e contida, moldada por traumas e pelo peso de um talento que o mundo não soube acolher. Kael, por outro lado, é uma figura cercada de mistério. Como ceifador, ele carrega a responsabilidade de conduzir almas, mas nem sequer ele ou seu "chefe" entendeu o porquê de Elara não ter sido levada naquele dia. 

Dez anos se passam quando os dois acabam trabalhando na mesma fundação de dança, e é aí que a narrativa toma corpo de forma rápida. Os ensaios entre eles funcionam quase como confrontos íntimos. Uma coisa que eu amei nessa história é que a tensão não é só sexual, embora esteja presente em todos os cantos do livro; mas também existencial! Todo o desenvolvimento dos dois como casal é maravilhoso, o ponto alto do livro! 

E aqui entra um dos aspectos mais interessantes da narrativa: a forma como Sabrina trabalha a inevitabilidade. Existe uma sombra constante rondando o texto, lembrando que essa história pode não terminar em um "felizes para sempre", mas em uma queda, que pode ser bela ou devastadora.

A autora tem uma escrita fluida, cheia de frases curtas e diretas, com aquele ritmo que te faz virar uma página atrás da outra. E ela sabe exatamente como dosar emoção com provocação. Não existe um excesso de explicações sobre o universo dos ceifadores, e isso funciona bem, o foco está na dinâmica entre os personagens, não no sistema sobrenatural.

Dançando com a Morte entrega exatamente o que promete: um romance afiado, carregado de intensidade e com uma estética própria. É para quem gosta de tensão, de personagens quebrados tentando sobreviver aos próprios sentimentos e de histórias que não pedem permissão para deixar um gosto agridoce no final.