Organizadores: Pat Barker
Editora: ExcelsiorCompre através deste link.
Juntamente com os tesouros saqueados, estão as muitas mulheres troianas capturadas pelos gregos ― entre elas a lendária profetisa Cassandra e a sua atenta criada, Ritsa. Escravizada como concubina ― esposa de guerra ― do rei Agamêmnon, Cassandra é atormentada por visões da morte dele, e da própria, enquanto Ritsa é forçada a testemunhar tanto o frenesi de Cassandra e os horrores que estão por vir.Enquanto isso, aguardando o retorno da frota está a rainha Clitemnestra, a vingativa esposa de Agamêmnon. De coração partido pela decisão do marido de sacrificar a filha mais velha aos deuses em troca de bons ventos até Troia, ela passou esta longa década planejando sua vingança, em um palácio assombrado por crianças fantasmas.Conforme uma esposa viaja em direção à outra, unidas pela visão da morte de Agamêmnon, uma coisa é certa: este tão esperado regresso ao lar mudará o destino de todos para sempre.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A jornada para casa, lançado pela editora Excelsior. O livro é de autoria de Pat Barker e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Eu conhecia bem a história da volta de Agamêmnon para casa. Tinha lido sobre a Guerra de Troia e sua trágica conclusão para o rei de Micenas, uma história de heróis, deuses e maldições. No decorrer dos anos, vi essa narrativa ser recontada em filmes e outros livros, sempre com foco nos grandes feitos dos homens. Mas tudo o que eu conhecia era a versão épica, pouco sobre as mulheres que foram as verdadeiras vítimas e testemunhas daquele tempo.
Quando comecei a ler A jornada para casa, confesso que fiquei intrigado. A premissa de acompanhar as mulheres troianas levadas como espólios de guerra me pareceu uma abordagem necessária, mas eu não imaginava o quão visceral e humana a narrativa de Pat Barker seria. Sua escrita me motivou a entender mais sobre Cassandra, a profetisa amaldiçoada, e Clitemnestra, a rainha vingativa.
Mas o que realmente aconteceu nos bastidores daquela que é uma das maiores tragédias da mitologia grega? Pois bem, essa pergunta raramente é respondida pela perspectiva feminina. Muitos veículos retratam essas mulheres como figuras secundárias, loucas ou meramente vingativas. Os ferimentos dessa guerra, no entanto, foram carregados majoritariamente por elas, que viram seus lares destruídos e foram levadas como escravas. Como podemos começar a entender a violência desse silenciamento?
Pat Barker é uma autora de renome, conhecida por explorar os traumas da guerra, e o que ela traz em A jornada para casa é justamente o efeito do conflito naquelas que a história esqueceu. É impressionante a precisão de Barker ao nos colocar dentro da mente de suas personagens. A história é narrada, em grande parte, por Ritsa, uma curandeira troiana que se torna a escrava pessoal de Cassandra.
Medusa , onde Cassandra, em seu "frenesi divino" , profetiza que seu "casamento" com Agamêmnon levará à morte dele, que morrerá como "um porco preso abatido no chão de um matadouro". Enquanto isso, em Micenas, a rainha Clitemnestra planeja sua vingança pelo sacrifício da filha, Ifigênia, em um palácio assombrado por crimes passados.
Essa informação é assustadora, sim. Todavia, extremamente necessária para entendermos a verdadeira face do mito. Pat Barker traz a seriedade que o assunto merece e faz um excelente trabalho ao analisar o trauma e as diferentes formas de resistência feminina. Além disso, trabalha muito bem o contraste entre a loucura profética de Cassandra, a vingança calculada de Clitemnestra e o pragmatismo de Ritsa, que só quer sobreviver.
Enquanto a história se desenrola, vemos como cada mulher exerce seu poder de uma forma única. Cassandra, mesmo tratada como louca, usa suas visões como arma. Clitemnestra, por sua vez, governa Micenas por dez anos e planeja meticulosamente o assassinato do marido, preparando armadilhas como uma túnica com as mangas costuradas para imobilizá-lo. Ritsa, sem status ou poder, observa tudo, cura os doentes e usa sua inteligência para navegar em um mundo que a vê apenas como um objeto.
Além disso, a desumanização é um tema constante. No palácio, as mulheres troianas são tratadas como "prostitutas" ou meros prêmios. Barker nos mostra como a guerra permite que homens "gravem mensagens nos corpos das mulheres, mensagens destinadas a serem lidas por outros homens".
Essas questões são aplicadas de forma brilhante em A jornada para casa. Barker fala muito bem sobre cada uma delas e nos faz compreender a magnitude da violência que sustentava a era heroica. A autora também nos alerta sobre como a história é contada pelos vitoriosos e como as vozes das mulheres NECESSITAM ser resgatadas do silêncio.

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